quarta-feira, 29 de agosto de 2012

IDH - ESTADOS BRASILEIROS


IDH do Brasil

O critério para analisar a qualidade de vida de um determinado local é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que consiste na média obtida através de três aspectos: Renda Nacional Bruta (RNB) per capita; o grau de escolaridade da população (média de anos de estudo da população adulta e expectativa de vida escolar, ou tempo que uma criança ficará matriculada); nível de saúde (expectativa de vida da população).
Através da média geométrica desses três fatores, obtêm-se um valor que varia de 0 a 1, e quanto mais se aproxima de 1, maior é o IDH de um local. 
Conforme dados divulgados em 2010 pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil apresenta IDH de 0,699, ocupando a 73° posição no ranking mundial, valor considerado alto. A cada ano o país tem conseguido elevar o seu IDH, fatores como o aumento da expectativa de vida da população brasileira e da taxa de alfabetização são os principais responsáveis por esse progresso. 


Porém, o Brasil é um país que apresenta inúmeros problemas socioeconômicos, como, por exemplo, a desigualdade social. As disparidades sociais no território brasileiro estão presentes em escala regional, estadual e, até mesmo, municipal, onde são perceptíveis os contrastes socioeconômicos entre os bairros de uma mesma cidade. 
A análise do ranking do IDH dos estados brasileiros evidencia as profundas diferenças existentes no país.
Obs.: Em novembro de 2010, a ONU, utilizando os novos critérios de cálculo, divulgou uma lista de IDH dos países. No entanto, esse novo método (média geométrica) ainda não foi utilizado para os estados brasileiros. Sendo assim, o ranking nacional segue o modelo e dados divulgados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), de 2008.

1° - Distrito Federal – 0,874 
2° - Santa Catarina – 0,840 
3° - São Paulo – 0,833 
4° - Rio de Janeiro – 0,832 
5° - Rio Grande do Sul – 0,832
6° - Paraná – 0,820 
7° - Espírito Santo – 0,802 
8° - Mato Grosso do Sul – 0,802 
9° - Goiás – 0,800 
10° - Minas Gerais – 0,800 
11° - Mato Grosso – 0,796 
12° - Amapá – 0,780 
13° - Amazonas – 0,780 
14° - Rondônia – 0,756 
15° - Tocantins – 0,756 
16° - Pará – 0,755 
17° - Acre – 0,751 
18° - Roraima – 0,750 
19° - Bahia – 0,742 
20° - Sergipe – 0,742 
21° - Rio Grande do Norte – 0,738 
22° - Ceará – 0,723 
23° - Pernambuco – 0,718 
24° - Paraíba – 0,718 
25° - Piauí – 0,703 
26° - Maranhão – 0,683 
27° - Alagoas – 0,677 

Portanto, faz-se necessária a realização de políticas públicas para reduzir as desigualdades sociais no território brasileiro. Os estados da Região Nordeste, em sua totalidade, ocupam as posições inferiores do ranking, enquanto que os estados do Centro-Sul apresentam elevados Índices de Desenvolvimento Humano. 
É através desses dados com critérios vagos e superficiais, que estão rotulando o Brasil como um país que proporciona elevada qualidade de vida para seus habitantes.


Por Wagner De Cerqueira E Francisco

IDH - 201
O relatório do Desenvolvimento Humano 2011, divulgado nesta quarta-feira (2) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), classifica o Brasil na 84ª posição entre 187 países avaliados pelo índice. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil em 2011 é de 0,718 na escala que vai de 0 a 1. O índice é usado como referência da qualidade de vida e desenvolvimento sem se prender apenas em índices econômicos.
O país com mais alto IDH em 2011 é a Noruega, que alcançou a marca de 0,943. Os cinco primeiros colocados do ranking são, pela ordem, Noruega, Austrália, Holanda, Estados Unidos e Nova Zelândia. Segundo o Pnud, o pior IDH entre os países avaliados é o da República Democrática do Congo, com índice 0,286. Os cinco últimos são Chade, Moçambique, Burundi, Níger e República Democrática do Congo.
A metodologia usada pelo Pnud para definir o IDH passou por mudanças desde o relatório divulgado em novembro de 2010. O índice que se baseia em dados como a expectativa de vida, a escolaridade, a expectativa de escolaridade e a renda média mudou a fonte de alguns dos dados usados na comparação. A expectativa é ter os mais recentes dados comparáveis entre os diferentes países.
No ano passado, o Brasil aparecia classificado como o 73º melhor IDH de 169 países, mas, segundo o Pnud, o país estaria em 85º em 2010, se fosse usada a nova metodologia. Desta forma, pode-se dizer que em 2011 o país ganhou uma posição no índice em relação ao ano anterior, ficando em 84º lugar.
Desenvolvimento humano elevado
O Pnud não soube indicar o que motivou a mudança de classificação do Brasil. Mas, analisando os indicadores avaliados – expectativa de vida, anos médios de escolaridade, anos esperados de escolaridade e renda nacional bruta per capita – dois tiveram mudanças: expectativa de vida e renda nacional bruta.
O Brasil aparece entre os países considerados de "Desenvolvimento Humano Elevado", a segunda melhor categoria do ranking, que tem 47 países com "Desenvolvimento Humano Muito Elevado" (acima de IDH 0,793), além de 47 de "Desenvolvimento Humano Médio" (entre 0,522 e 0,698) e 46 de "Desenvolvimento Humano Baixo" (abaixo de 0,510).
De acordo com os dados usados no relatório, o rendimento anual dos brasileiros é de US$ 10.162, e a expectativa de vida, de 73,5 anos. A escolaridade é de 7,2 anos de estudo, e a expectativa de vida escolar é de 13,8 anos.
O cálculo de IDH alterou neste ano a fonte de informação sobre renda dos países. O dado agora passou a ser alinhado ao Relatório do Banco Mundial. O problema é que o dado dessa fonte é mais antigo (de 2005) do que o usado no relatório IDH de 2010 (que era de 2008). Os números foram ajustados e a comparação possível é que passamos de uma renda nacional bruta per capita de US$ 9.812 , em 2010, para US$ 10.162  em 2011.
No material divulgado pelo Pnud é possível comparar as tendências do IDH de todos os países por índice e por valor total desde 1980. O destaque no caso brasileiro é para a renda, que aumentou 40% no período. No mesmo tempo, a expectativa de vida aumentou em 11 anos; a média de anos de escolaridade aumentou em 4,6 anos, mas o tempo esperado de escolaridade diminuiu.
Novos índices
Além do valor usado tradicionalmente para indicar o desenvolvimento humano de cada país, o relatório deste ano apresenta novos índices: IDH Ajustado à Desigualdade, Índice de Desigualdade de Gênero e Índice de Pobreza Multidimensional.
O IDH ajustado à desigualdade faz um retrato mais real do desenvolvimento do país, ajustando às realidades de cada um deles. Com isso, o IDH tradicional passa a ser visto como um desenvolvimento potencial. Levando a desigualdade em conta, o Brasil perde, em 2011, 27,7% do seu IDH tradicional. O componente renda (dentre renda, expectativa de vida e educação) é que mais influi nesse percentual.
No índice de desigualdade de gênero, o Brasil fica em patamar intermediário quando comparado com os BRICS. O índice brasileiro é de 0,449. Rússia tem 0,338; China, 0,209; África do Sul, 0,490% e Índia, 0,617.
Já o Índice de Pobreza Multidimensional é uma forma nova, mais ampla, de verificar quem vive com dificuldades. No lugar da referência do Banco Mundial, que considera que está abaixo da linha de pobreza quem ganha menos de US$ 1,15 por dia, o novo índice aponta privações em educação, saúde e padrão de vida.
Segundo o Pnud o índice pode não ser tão importante para a situação do Brasil quanto para a de países da África, pois, no Brasil, quem tem renda pode ter o acesso facilitado à qualidade de vida. Em alguns países, porém, esse acesso não depende exclusivamente de recursos financeiros (às vezes, o país tem infraestrutura precária demais, por exemplo).
Essa nova medida é uma forma interessante de avaliar as políticas de transferência de renda e verificar se essas ações realmente estão mudando a vida da população mais necessitada.


sábado, 11 de agosto de 2012

As cercas e a indústria da seca

As cercas e a indústria da seca
As secas são fenômenos naturais, antigos e inevitáveis. Mas a natureza não é culpada pelos desastres que elas provocam. Esses desastres poderiam ser evitados se a economia e a sociedade do Sertão estivessem organizadas de outra forma.
A agricultura sertaneja está baseada no cultivo de alguns produtos alimentares - como o milho e o feijão - que não se adaptam bem à irregularidade das chuvas e aos duros solos ressecados.
A economia sertaneja está baseada nas grandes propriedades de criação de gado. Nesses latifúndios, vivem os trabalhadores rurais e suas famílias, recebendo um salário miserável para cuidar do gado e das plantações dos fazendeiros. Além disso, cultivam pequenas lavouras alimentares para o consumo familiar, em lotes de terra junto às suas casas.
As secas não atingem igualmente a todos. Nas grandes secas, os trabalhadores rurais perdem suas colheitas, mas o gado do fazendeiro geralmente consegue se salvar, consumindo a água armazenada nos açudes. Também o algodão seridó, principal produto das plantações comerciais dos latifúndios, resiste à seca.
Historicamente, as políticas dos governos federais e estaduais contribuíram para manter a desigualdade na distribuição da terra e dos recursos produtivos. Nunca se realizou uma reforma agrária para permitir aos camponeses o acesso a propriedades de dimensões adequadas. Nunca se estimulou a mudança da agricultura sertaneja, promovendo-se o plantio de produtos mais adaptados à irregularidade das chuvas. As políticas governamentais se limitaram a combater a falta de água.
Nas grandes secas, o governo federal distribui cestas de alimentos e abre frentes de trabalho de emergência. Essas ações, que parecem ser uma ajuda para a população pobre, assinalam o funcionamento da "indústria da seca".
As cestas de alimentos são distribuídas pelos políticos locais, pelos prefeitos e vereadores das cidades sertanejas. Em geral, esses políticos são parentes ou amigos dos fazendeiros. Muitas vezes, o próprio latifundiário, conhecido como o "coronel", exerce o cargo de prefeito. As cestas de alimentos transformam-se em votos nas eleições, garantindo a continuidade do poder da elite.
As frentes de trabalho empregam camponeses que perderam as suas safras. Por salários muito baixos, esses trabalhadores constroem açudes e abrem estradas. Os açudes servirão para manter vivo o gado dos latifúndios na próxima seca. As estradas ajudam a transportar os produtos comerciais das fazendas. A seca é um bom negócio para muitos latifundiários!

O ciclo do algodão no Seridó

O ciclo do algodão no Seridó
Tomislav R. Femenick - historiador e mestre em Economia.
O Seridó é uma região que abrange parte dos estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba. A sua porção potiguar ocupa 12.824,8 Km² e tem uma população em 322.453 pessoas, segundo estimativa do IBGE para 2008. É formada pelos municípios de Acari, Augusto Severo, Bodó, Caicó, Carnaúba dos Dantas, Cerro Cora, Cruzeta, Currais Novos, Equador, Florânia, Ipueira, Jardim de Piranhas, Jardim do Seridó, Jucurutu, Lagoa Nova, Ouro Branco, Parelhas, Santana do Matos, Santana do Seridó, São Fernando, São João do Sabugi, São Jose do Seridó, São Tome, São Vicente, Serra Negra do Norte, Tenente Laurentino Cruz, Timbaúba dos Batistas e Triunfo Potiguar. Sua característica climática é a escassez e instabilidade das chuvas, altas temperaturas e baixa umidade. Seu solo pedregoso é de baixa fertilidade (salvo alguns poucos aluviões) e a vegetação natural é preponderantemente de caatinga.
A efetiva colonização da região se deu no final do século XVII, após a expulsão dos holandeses e a chamada Guerra dos Bárbaros, guerra essa desencadeada pelos europeus contra a resistência dos índios Cariris à ocupação de suas terras; primeiro pelos portugueses, depois pelos holandeses e, novamente, pelos portugueses. Vencidos os nativos, ocuparam o Seridó povoadores de origem lusitana, vindos de Pernambuco (Goiana e Iguarassu) e da Paraíba. As primeiras concessões de terras na região datam de 1676 e 1679. Entretanto a emancipação administrativa do Seridó só ocorreu mais de um século após, em 1788, quando foi criado o Município de Vila Nova do Príncipe, hoje Caicó.
Segundo José Augustos Bezerra de Medeiros (Revista do IHGRN, 1948), "na zona do Seridó, certo e seguro é afirmar-se que todo o movimento povoador decorreu da necessidade econômica de encontrar lugar adequado à localização de fazendas de criação de gados. [...] O gado foi, desse modo, ao começar o povoamento da terra seridoense, o elemento econômico fundamental, a fonte de riqueza natural de exploração comercial, o princípio de todo o processo da história do Seridó. [...] Mas, estava escrito que o algodão seria, com o decorrer dos tempos, a dominante econômica do Seridó. Para isso concorreu decisivamente a qualidade da fibra do algodão preferentemente ali cultivado, melhor do que a de qualquer outro tipo brasileiro, e rival das melhores do mundo, prestando-se admiravelmente à confecção dos tecidos finos".
O algodão mocó ou "algodão do Seridó" é uma variedade adaptada ao solo árido, resistente às secas e que produz fibras longas, de grande brancura e poucas sementes.  Foi na segunda metade do século XIX que a cotonicultura se expandiu no Seridó; de início como atividade paralela à pecuária e, depois, suplantando-a. A difusão do seu cultivo ocorreu a partir do vale do Rio Seridó, mais particularmente das vizinhanças de Acari. Plantava-se a mesma variedade selvagem cultivada pelos índios Cariris; depois outras já selecionadas. Porém era uma cultura doméstica, de subsistência. Só posteriormente é que foi trabalhado como produto voltado para o mercado. Seu destino primeiro foi à indústria têxtil inglesa, em seguida a nascente indústria de fiação e tecelagem do sul do país. Isso em grande parte foi uma decorrência da sua inquestionável qualidade, qualidade essa que lhe valeu o grande prêmio da Exposição Nacional de 1908, realizado na então capital federal, o Rio de Janeiro, para comemorar o primeiro centenário da abertura dos portos e fazer um inventário da economia do país.
O desenvolvimento da cultura do algodão no Seridó fez com que, em 1910 já existissem na região 171 máquinas beneficiadoras de algodão, sendo 124 bolandeiras (tracionadas por animais) e 47 locomoveis (movidas a vapor). Na década de 1920, a região do Seridó - acentuadamente os municípios Caicó e Jardim do Seridó - produziu mais de 40% de todo algodão exportado pelo Estado para o exterior e para outras regiões do Brasil. Todavia, as deficiências e as contradições internas da cotonicultura seridoense minavam a sua estrutura econômica e apresentava fortes traços de não sustentabilidade. Principalmente dois fatores se enquadram nessa situação: a) em virtude da escassez de solos propícios à agrícola, a cotonicultura desenvolveu-se em pequenas propriedades; b) para aproveitar o solo agrário, o plantio do algodão era consorciado com os de feijão, milho, mandioca ou batata-doce. 
Se por outro lado esse tipo de plantio garantia o sustento do produtor e o emprego para o grande contingente de mão de obra disponível na região, ele impedia o desenvolvimento tecnológico, pois não permitia o uso intensivo de máquinas agrícolas nem o emprego adequado de defensivos contra as pragas que atacavam o algodoal. Embora presentes em outras áreas do Rio Grande do Norte e do Nordeste, esse sistema era mais acentuadamente característico do Seridó.
                   REGIÃO NORDESTE
O seu relevo é marcado por depressões, planaltos, chapadas e ainda, planícies costeiras em todo o litoral. Na hidrografia, predominam rios intermitentes ou temporários, que secam nos períodos de estiagem. Entre os rios perenes ou permanentes, que nunca secam, estão o São Francisco, Parnaíba e Jaguaribe. Próximo ao litoral o clima é tropical, na área do sertão, o clima é semiárido. A vegetação é bastante diversificada, com formações manguezais e de floresta tropical no litoral. Mata dos Cocais, trechos da Floresta Amazônica e de Cerrado na área de transição entre a região Norte e a Nordeste. Mas, a vegetação predominante em toda a região é a Caatinga.
Por apresentar paisagens naturais diversificadas, a região é dividida em sub-regiões: a Zona da Mata, o Agreste, o Sertão e o Meio-Norte.
1) Meio-Norte: abrange o estado do Maranhão e a maior parte do Piauí. É uma área de transição entre a região Norte e o Sertão. A vegetação típica é a mata dos cocais que favoreceu o desenvolvimento das atividades de extrativismo vegetal (palmeira do babaçu – palmito e óleos usados pela indústria de cosméticos e de equipamentos de precisão; carnaúba - óleos e ceras para a fabricação de velas e lubrificantes.). A economia tem se baseado na criação de gado, na cultura de algodão, arroz e no extrativismo vegetal. Atualmente ocorre uma modernização agrícola, principalmente na cultura de soja, destinada à exportação e introduzida nas últimas décadas.
2) Sertão: é a maior sub-região do Nordeste. Possui clima tropical semiárido, onde são comuns secas prolongadas que chegam a durar anos. A vegetação predominante é a caatinga. Os rios são, no geral, intermitentes, com exceção dos rios São Francisco e Jaguaribe. Dentre as atividades econômicas, destacamos a pecuária extensiva e agricultura comercial do algodão, soja, milho, feijão, arroz, mandioca e frutas. Em muitas áreas prevalece a agricultura de subsistência.
3) Agreste: está localizada entre duas sub-regiões, uma seca e outra úmida. É considerada uma zona de transição entre o Sertão e a Zona da Mata. Enquanto na Zona da Mata prevalecem os latifúndios monocultores, no Agreste predominam os minifúndios policultores, pecuária leiteira e forte atividade comercial.
4) Zona da Mata: a vegetação nativa era a mata Atlântica. Localizada no litoral, onde há maior umidade e ocorrência de chuvas. As atividades de destaque é o cultivo da cana-de-açúcar, cacau, exploração de petróleo e ocorrência da maior concentração industrial do Nordeste.

NORDESTE ENFRENTA APIOR SECA DOS ÚLTIMOS 40 ANOS

A POBREZA NO BRASIL

A SECA NO NORDESTE EM 2012 ENTRA PARA A HISTÓRIA

A SECA NO NORDESTE
 
A SECA DE 2012 ENTRA PRA HISTÓRIA!
A estiagem que acomete o Nordeste em 2012 não é comum. De acordo com especialistas, esta é mais intensa e acontece de 30 em 30 anos, em média. Assim como a seca deste ano, outras também marcaram a história do Nordeste. As mais famosas são as de 1983/84, 1935 e 1887, que provocaram a morte de quase 500 mil nordestinos.
 Desmatamento e políticas ineficazes são agravantes
A seca no sertão nordestino está entre as questões mais graves do Brasil. Há séculos os governos têm tentado resolvê-la, sem sucesso.
As políticas de combate à seca no Nordeste remontam à época do Império. D. Pedro 2º determinou a construção de açudes, entre outras ações, para diminuir os efeitos da estiagem, entre os anos 1877 e 1879.
O próprio imperador declarou: "Não restará uma única joia na Coroa, mas nenhum nordestino morrerá de fome".
Em 1951, um grupo de estudiosos determinou os limites da região atingida por estiagens periódicas, que passou a ser chamada Polígono das Secas. Veja o mapa com as áreas atingidas pela seca, na época: O Polígono das Secas
 A área abrangia os quase todos os estados do Nordeste, menos o Maranhão, além do norte de Minas Gerais.
Causas da seca
Mas o Polígono das Secas aumentou de tamanho. O Maranhão, que estava "fora" da área de ocorrência de secas longas, vem enfrentando o problema nos últimos 25 anos. Nas regiões atingidas, é comum a estiagem se prolongar por dois ou três anos. Isso gera uma situação de calamidade para milhões de sertanejos.
A ampliação da área da seca está relacionada à forma de ocupação humana nessa região, desde o século 16. Trata-se do uso predatório da terra, tirando dela o máximo possível em produtividade sem preocupação com o esgotamento.
O principal fator foi desmatamento excessivo que deu fim à vegetação em torno das nascentes dos rios. Isso mesmo: sem as árvores, secam o rio e a fonte de onde vem a água. Sem a proteção do verde, o solo frágil e arenoso não resiste e a região torna-se árida. Com isso, o clima muda: há menos chuvas. E o lugar é ocupado pela caatinga, ou se transforma em deserto.
Indústria da seca
O primeiro órgão de combate à seca foi criado em 1909, chamava-se Inspetoria de Obras Contra as secas (IOCS). Em 1919 tornou-se a Inspetoria Federal de Obras Contra a Secas (IFCOS). Em 1945 ganhou novo nome: Departamento Nacional de Obras Contra a Secas (DNOCS).
Todos esses órgãos procuram definir metas e solucionar o problema com obras para armazenar água e suprir a população, a agricultura e a pecuária.
Mas tem sido insuficiente, como se vê pelo aumento da área atingida. Além do desmatamento, a seca do Nordeste está ligada à falta de políticas que realmente funcionem em benefício da população.
Durante a estiagem, o governo federal socorre os estados atingidos com envio de dinheiro para ser aplicado nessas áreas, cestas básicas para a população, perdão total ou parcial das dívidas de empréstimos tomados por empresários e fazendeiros. Estudiosos declaram que existe uma "indústria da seca", da qual alguns se beneficiariam de forma política e financeira.
Autor: Luiz Carlos Parejo

A SECA NO NORDESTE

A SECA NO NORDESTE
A seca mais uma vez mostra a sua face cruel para o povo nordestino, mas para agravar ainda mais a situação observa-se que a seca está ultrapassando a linha do Polígono das Secas, atingindo inclusive o estado do Maranhão.
Historicamente tem sido assim: as chuvas escasseiam dada a pouca influência de massas de ar úmidas e frias vindas do Sul, logo as massas quentes e secas tendem a permanecer por longo tempo sobre a região; soma-se a isso, neste momento, a temperatura do mar mais baixa em 1 grau o que não propicia evaporação que permita a formação de nuvens.
Essas são as algumas causas naturais. Mas têm outras resultantes da ação humana como o desmatamento sistemático ocorrido ao longo do tempo, especialmente na Zona da Mata.
No livro Vida e Morte do Sertão, o autor Marco Antônio Villa diz que chegam a três milhões de pessoas as vítimas da seca do século XIX ao XX. Uma mortandade semelhante a Guerra do Vietnam.
A escassez de água leva dificuldades à agricultura e à criação de animais, resultando em fome e miséria. A água para consumo humano muitas vezes tem que ser buscada longe e pode apresentar contaminação. Tanto a má alimentação como a contaminação pelo consumo da água de péssima qualidade faz o habitante da região vítima de muitas doenças. Esse cenário propicia o êxodo rural, o que ao longo do século passado inchou as cidades e contribuiu para formação de favelas, gerando assim outros problemas.
O governo tem investido em construção de cisternas, açudes e barragens e em épocas de estiagem, amplia a frota de carros-pipa. Mas ainda é pouco. Faz-se necessária a implantação de um sistema de desenvolvimento sustentável na região para que as pessoas abandonem a submissão às ações assistencialistas do governo. Importante também é o incentivo à agricultura adaptada ao clima e ao solo da região, com modernas técnicas de irrigação.
Neste momento em que o Nordeste enfrenta uma seca que se prenuncia a pior dos últimos 40 anos, a presidente Dilma, após reunir os governadores dos estados afetados pela seca, acenou com a liberação de R$ 2, 7 bilhões.
Agora, é aguardar que o resultado desse investimento contribua de fato para minorar as agruras que milhões de brasileiros enfrentam. Mas não tem como ignorar a indústria da seca e os ralos por onde escorrem o dinheiro público destinado ao atendimento da população carente. Segundo a afirmação corajosa da socióloga e ex-primeira-dama D. Ruth Cardoso, que presidiu o programa Comunidade Solidária de combate à exclusão social e a pobreza, seria melhor jogar o dinheiro de avião que assim chegaria de fato às mãos dos que precisam.

domingo, 5 de agosto de 2012

CAATINGA

Biomas Brasileiros - Caatinga


A caatinga (palavra do tupi, que significa mata branca, em referência à ausência de folhas da vegetação na época de estiagem) é um bioma exclusivamente brasileiro que ocupa aproximadamente 11% do território nacional, área que corresponde a cerca de 734.478 Km² (Dados do IBGE, 1993), distribuída na região Nordeste do Brasil (presente nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia e Piauí), e também numa pequena porção a norte do estado de Minas Gerais. 
 Aspecto da caatinga - Fonte: serravermelha.blog.terra.com.br
Esse bioma pode ser caracterizado pela sua vegetação que apresenta um aspecto similar à savana estépica, devido ao longo período de seca em consequência da irregularidade das chuvas, com precipitação anual média variando entre 400 e 600 mm, o que faz com que os rios da região sejam intermitentes (a água desaparece no período de estiagem) e sazonais (rios que mudam o regime de seus cursos dependendo da época do ano), possuindo assim um volume de água bastante limitado e insuficiente para a irrigação de lavouras.
A caatinga é o bioma menos conhecido do país, já que se realizaram poucas coletas no mesmo. No entanto, os dados mais atuais indicam uma grande riqueza de ambientes e espécies, com 932 espécies de plantas, 148 de mamíferos e 510 de aves, por exemplo, sendo que muitas destas espécies são consideradas endêmicas.
Cerca de 27 milhões de pessoas vivem atualmente na área original da caatinga, sendo que 80% de seus ecossistemas originais já foram alterados, principalmente por meio de desmatamentos e queimadas, em um processo de ocupação que começou nos tempos do Brasil colônia. Grande parte da população que reside em área de caatinga é carente e precisa dos recursos da sua biodiversidade para sobreviver. 
Por outro lado, estes mesmos recursos, se conservados e explorados de forma sustentável, podem impulsionar o desenvolvimento da região.

A conservação da caatinga está intimamente associada ao combate da desertificação, processo de degradação ambiental que ocorre em áreas áridas, semiáridas e sub-úmidas secas. No Brasil, 62% das áreas susceptíveis à desertificação estão em zonas originalmente ocupadas por caatinga, sendo que muitas já estão bastante alteradas.
 Desertificação. Foto - Diário do Nordeste
No contexto internacional, a caatinga está relacionada diretamente a duas das 3 principais convenções de meio ambiente, no âmbito das nações unidas, quais sejam a Convenção de Diversidade Biológica - CDB e a Convenção de Combate à Desertificação - CCD. Este contexto pode ajudar na conservação deste bioma, caso haja união de esforços por parte dos responsáveis pela implementação destas convenções no país, respectivamente a Secretaria de Biodiversidade e Florestas e a Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável, do Ministério do Meio Ambiente - MMA, e seus parceiros nas esferas governamental e não-governamental. A caatinga indiretamente também se relaciona com a Convenção de Mudanças Climáticas, já que estas adquiriram escala global.

Fauna:
Grande parte dos animais terrestres da caatinga apresentam hábitos noturnos, uma consequencia das altas temperaturas durante o dia. É o caso dos lagartos, animais muito comuns na região. São ao todo 47 espécies de lagartos conhecidas na caatinga.
 Teiú - Fonte: animais.culturamix.com
Além de lagartos, cobras também habitam a caatinga. Durante o dia, muitas espécies como a jararaca, a cascavel e a coral, procuram se ocultar nos matagais (as chamadas moitas), nos cupinzeiros, nas fendas entre as rochas, em caules de árvores secas/mortas e até mesmo em tocas de animais roedores.
 Jararaca
Muitas aves ameaçadas de extinção como a arara-azul-de-Lear são observadas neste bioma. A ararinha-azul por exemplo, foi vista pela ultima vez na natureza no ano 2000 e já é uma espécie considerada extinta pelo IBAMA. São representantes típicas da caatinga a gralha-canção e o carcará.
 Arara-azul-de-Lear . Fonte: www. invivo.fiocruz.br
O Sapo cururu e a jia são os representantes dos anfíbios, que são numerosos neste bioma.
 Sapo Cururu - Fonte: animais.culturamix.com
Os mamíferos também são numerosos na caatinga. São felinos como a onça e o gato selvagem, preás, gambás, capivaras, macacos pregos etc.
Preá do Seridó - Fonte: floraefaunadoserido.blogspot.com

Capivaras - Fonte: chapadamada.blogspot.com
Flora:
A aridez é uma característica marcante da caatinga, um ambiente seco, onde as árvores em grande parte do ano ficam sem folhas e com um tom esbranquiçado. Porém quando a chuva aparece, a caatinga se transforma numa paisagem verde e até florida.
Caatinga na época da estiagem - Fonte: blogs.diariodonordeste.com.br
 Caatinga na estação chuvosa - Fonte: calibrandoaalma.blogspot.com
A região da caatinga apresenta paisagens bastante diversificadas, distintas, devido ao regime das chuvas, à fertilidade do solo e ao relevo. Uma primeira divisão que pode ser evidenciada é entre o Agreste e o Sertão.
 Agreste pernambucano - Fonte: melquilima.blogspot.com
O Agreste é uma faixa de transição entre o interior seco e a Mata Atlântica, característica da Zona da Mata. Já o Sertão apresenta uma vegetação mais rústica. Estas regiões são usualmente conhecidas como Seridó, Curimataúcu, Caatinga e Carrasco.
Aspecto de vegetação do Sertão - Fonte: osbonilhas.com.br
A caatinga seridó é uma transição entre campo e caatinga arbórea. Cariri é o nome dado à caatinga com vegetação menos rústica. Já o Carrasco corresponde à savana muito densa, seca, que ocorre no topo das chapadas, caracterizada pelo predomínio de plantas lenhosas, arbustivas, muito ramificadas e densamente emaranhadas por trepadeiras. Ocorre sobretudo na Bacia do Meio Norte e Chapada do Araripe.
  Aspecto da vegetação na Chapada do Araripe - Fonte: brasilcc.blogspot.com
Nas regiões de serras, onde há mais umidade, surgem os brejos de altitude.
 Brejo de altitude em Caruaru, Pernambuco - Fonte: mp.pe.gov.br
O clima seco é responsável por várias adaptações nas espécies vegetais, apresentando tamanhos, colorações, folhagens e formas muito variadas. Na caatinga é possível identificar facilmente três tipos de vegetação: as espécies arbóreas, que apresentam um tamanho médio de 8 a 12 metros de altura, as espécies arbustivas (de 2 a 5 metros) e as espécies herbáceas (até 2 metros). 
 Juazeiro, árvore de pequeno a médio porte (5 a 14 m de altura) típica da caatinga - Fonte: http://www.achetudoeregiao.com.br/arvores/juazeiro.htm 
 A Barriguda (ou Paineira) é uma árvore que armazena água no caule - Fonte:
A folhagem de muitas plantas são finas e em muitos casos nem existem, dando lugar aos espinhos (plantas xerófilas), como é o caso do Mandacaru, do Xique-xique e outras espécies de cactos.  Os espinhos das plantas xerófilas  fazem com que a perda de água seja menor.

Mandacarú - Fonte: http://www.irpaa.org/galeria/1
Num ambiente de poucas chuvas e baixas umidades, muitas plantas para evitar a perda de água, perdem totalmente as folhas na estação mais seca, dando a impressão de que estão mortas, mas não estão. Para se manterem vivas, as plantas utilizam suas raízes para obter a água armazenada no solo, outras desenvolvem raízes na superfície para absorver grandes quantidades de água na época de chuvas e outras como os cactos, conseguem armazenar a água de que precisam para sobreviver no período de longas estiagens.
Solo:
O solo da caatinga é em grande parte, pedregoso, característica que justifica a dificuldade de armazenar a água das chuvas. Trata se de um solo raso, com muitos minerais e muito pobre em matéria orgânica, pois a intensa luminosidade somada ao calor, prejudicam a decomposição de matéria orgânica (restos vegetais e animais).
Aspecto do solo da caatinga - Fonte: http://acaatingadolaranja.blogspot.com.br/
 Apesar de tudo, são os minerais que conferem ao solo da caatinga sua fertilidade e garantem que algumas localidades secas mudem suas paisagens rapidamente quando a chuva cai, devolvendo o verde à vegetação.
Relevo:
 Altimetria do relevo na caatinga. Quanto mais escura a cor no mapa, mais alto é o relevo (de 0 a 1800 m) em relação ao nível do mar  - Fonte: http://www.macamp.com.br/variedades/caatinga.htm
Os Planaltos e grandes depressões são as formas de relevo mais predominantes da caatinga. As depressões são terrenos aplainados, normalmente mais baixos que as áreas vizinhas e podem apresentar colinas. As maiores depressões da região são a Sãofranciscana, a Cearense e a do Meio Norte.
Nas depressões, a drenagem possui caminhos preferenciais, porém sem canais profundos e bem definidos. É uma região que se caracteriza pelos solos rasos e de baixa capacidade de infiltração, sendo comum a incidência de enchentes relâmpago durante o período de chuva.

 A paisagem do semiárido brasileiro também é marcada pela configuração  dos planaltos sedimentares, tal como a Chapada do Araripe e do Jatobá.


A região que hoje constitui o Nordeste do Brasil, teve sua área reduzida em eras geológicas passadas, mais precisamente a partir da abertura do Oceano Atlântico, reorientando a drenagem, removendo os sedimentos antigos e revelando a superfície plana que se encontrava abaixo dos mesmos, dando origem ao que se conhece como Depressão Sertaneja. O resto dessa antiga superfície sedimentar está depositado em falhas geológicas, como a bacia do Recôncavo-Tucano-Jatobá, localizada nos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco.

O planalto é uma enorme barreira natural para as nuvens carregadas de umidade vindas do oceano Atlântico em direção ao interior. Ao se defrontarem com o planalto, as nuvens se condensam, causando chuvas em regiões mais baixas do lado voltado para o oceano. As nuvens não conseguem ultrapassar o planalto da Borborema, motivo pelo qual, há baixa umidade no interior agravando a seca. É justamente esse lado seco que faz parte do bioma caatinga.

O planalto da Borborema é uma formação que se destaca com altitudes variando em torno de 650 a 1000 metros, sendo que em alguns pontos chega a 1197 metros como no pico do Jabre, na Paraíba e ha 1260 metros no pico do Papagaio, em Pernambuco. O planalto da Borborema se estende entre os estados da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas.
Hidrografia:

 Como foi mencionado anteriormente, os rios presentes nos domínios deste bioma apresentam regimes intermitentes ou temporários (sazonais), ou seja, são na maioria, rios que secam em períodos de estiagem e permanecem assim por longos períodos.
Os rios São Francisco e o Parnaíba (que inclusive, nascem em outro lugar que não nos domínios da caatinga) que atravessam as terras áridas a caminho do mar, são fundamentais para a manutenção da vida neste bioma. São também os principais rios de duas bacias hidrográficas do território nacional, a Bacia do Rio São Francisco e a Bacia do Rio Parnaíba. Além destas bacias, a Bacia Costeira do Nordeste Oriental também está localizada nesta região. 

O acesso à água é sem dúvida alguma, o maior problema da região, seja para consumo humano, seja para consumo animal, seja para produzir alimentos. Em busca deste recurso indispensável à vida, para enfrentar a época de estiagem, a população local perfura poços, constrói açudes, reservatórios para captar água das chuvas, etc. Na maioria das vezes a água obtida é imprópria para o consumo.
 Cisterna abastecida pela captação de água da chuva no semiárido do Piauí - Fonte:

Visando resolver os diverso problemas sociais causados pela seca na região, o Governo Federal ampliou na última década o projeto de transposição do Rio São Francisco (cuja nascente se encontra na Serra da Canastra, Minas Gerais), com o objetivo de levar água para 390 municípios distribuídos entre os estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, beneficiando cerca de 12 milhões de pessoas.
Transporte de água na caatinga - Fonte: http://fatosefotosdacaatinga.blogspot.com.br/
O projeto tem como plano básico a construção de dois imensos canais chamados de eixo norte e eixo leste, ligando o rio São Francisco a pequenas bacias hidrográficas do Nordeste e seus açudes. Em seguida, serão construídas adutoras objetivando efetuar a distribuição da água.
O eixo norte do projeto, que tem como objetivo levar água para os sertões de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, terá 400 km de extensão, alimentando 4 rios, 3 sub-bacias do São Francisco (Brígida, Terra Nova e Pajeú) e mais 2 açudes (Entre Montes e Chapéu).
O eixo leste do projeto, objetiva abastecer parte do sertão e as regiões do agreste de Pernambuco e Paraíba com 220 km de extensão aproximadamente, até o rio Paraíba, depois de passar nas bacias do Pajeú, Moxotó e da região agreste de Pernambuco. 

 Mapa da transposição do Rio São Francisco - Fonte: http://mininudasideias.blogspot.com.br/2011/09/transposicao-do-sao-francisco.html

Os dois eixos estão sendo construídos para uma capacidade máxima de vazão de 99m³/s e 28m³/s respectivamente, sendo que trabalharão com uma vazão contínua de 16,4m³/s no eixo norte e 10m³/s no eixo leste.
O Vídeo abaixo explica de forma mais detalhada sobre a obra de transposição do rio São Francisco:
 Cinco anos depois de iniciadas as obras de transposição, apenas 36,12% foram concluídas, de acordo com informações do Ministério da Integração no dia 22/05/2012 em audiência pública na Câmara dos Deputados. Em Pernambuco, muitos trechos da obra que foi abandonada pelas empreiteiras precisarão ser reconstruídos, conforme relatado no vídeo a seguir. Toda a obra deveria ficar pronta este ano,  com um custo de R$ 4,6 bilhões como previa inicialmente o projeto. Agora, a previsão de entrega é para o final de 2015 e custará aos cofres da União o dobro do que foi orçado inicialmente, ou seja, R$ 8,2 bilhões. 
  São por esses motivos e outros que o projeto de transposição do rio São Francisco tem sido criticado, não apenas por ambientalistas, mas por diversos setores da sociedade brasileira, pois apesar do Governo Federal alegar que postos de emprego estão sendo criados de forma direta e indiretamente graças ao projeto, bem como a solução da seca no Nordeste, sabe-se que a região que sofre com a seca abrange uma área de 750.000 km², em detrimento à área que será beneficiada com o projeto.
Há ainda a questão preocupante do potencial das hidrelétricas locais, conforme pondera Aziz Ab'Saber: "Deve ser mantido um equilíbrio entre as águas que seriam obrigatórias para as importantíssimas hidrelétricas já implantadas no médio/baixo vale do rio - Paulo Afonso, Itaparica e Xingó -, pois a energia ali produzida, e transmitida para todo o Nordeste, constitui um tipo de planejamento da mais alta relevância para o espaço total da região". (extraído de: http://vestibular.uol.com.br/revisao-de-disciplinas/geografia/transposicao-do-rio-sao-francisco.jhtm)
Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso - BA - Fonte: http://www.sbbengenharia.com.br/links/raa.php
Ainda de acordo com números do governo, 12 milhões de pessoas serão beneficiadas e a irrigação de polos agrícolas aquecerá a economia e aumentará o número de empregos. Na opinião de Aziz Ab' Sáber, no entanto, "os vazanteiros" - responsáveis pelo abastecimento das feiras do sertão - que fazem horticultura no leito dos rios que perdem fluxo durante o ano serão os primeiros a ser prejudicados. Serão os fazendeiros pecuaristas que terão água disponível para o gado, nos cinco ou seis meses que os rios da região não correm. Nesse sentido, os maiores beneficiários serão os proprietários de terra, residentes longe, em apartamentos luxuosos em grandes centros urbanos". (extraído de: http://vestibular.uol.com.br/revisao-de-disciplinas/geografia/transposicao-do-rio-sao-francisco.jhtm
Enquanto o governo reforça que as margens do Rio São Francisco serão revitalizadas e que o tratamento de água diminuirá a poluição, os ambientalistas dizem que o projeto causará danos à fauna e à flora da região - e que serão desmatados 430 hectares. (extraído de: http://vestibular.uol.com.br/revisao-de-disciplinas/geografia/transposicao-do-rio-sao-francisco.jhtm)
A corrente contra as obras de transposição do Rio São Francisco afirma que a obra é nada mais que uma “transamazônica hídrica”, e que além de demasiado cara a transposição do rio não será capaz de suprir a necessidade da população da região uma vez que o problema não seria o déficit hídrico que não existe, o problema seria a má administração dos recursos existentes uma vez que a maior parte da água é destinada a irrigação e que diversas obras, que poderiam suprir a necessidade de distribuição da água pela região, estão há anos inconclusas.
Resumindo, a transposição pode adquirir um caráter de manutenção do poder daqueles que o detém, perpetuando ainda mais o coronelismo existente há séculos na região, ao invés de uma obra realmente compromissada com o desenvolvimento da região e consequentemente da melhoria de vida da população local.
Para se ter uma ideia, o nordeste é a região mais açudada do mundo com 70 mil açudes nos quais são armazenados 37 bilhões de m³ de água. Portanto, o problema da seca poderia ser resolvido apenas com a conclusão das mais de 23 obras de distribuição que estão paradas nos municípios contemplados pela obra de transposição a um custo muito mais barato e viável do que a transposição do maior rio inteiramente nacional.  
Açude Castanhão, no Ceará. Construído sob o leito do rio Jaguaribe, o "mar no sertão" como é conhecido,  é uma barragem de 60 m de altura e uma área de 32,5 mil hectares na sua cota de sangria e 60 mil hectares na cota de enchente máxima provável. O açude foi construído para acumular mais de 6,5 bilhões de metros cúbicos de água, o que equivale a mais de duas bacias de Guanabara juntas. Tem a capacidade de armazenamento de 6.700.000.000 m³ de água. É o maior açude do Brasil. Fonte: http://www.rankbrasil.com.br/Recordes/Materias/043F/Maior_acude_do_Brasil
Ainda assim, tanto a bacia hidrográfica do São Francisco como a do Parnaíba, são responsáveis diretas na área do turismo local. As margens cercadas por Cânions e o leito caudaloso do rio São Francisco assim como as corredeiras do Parnaíba, somados aos hábitos, costumes e culinárias dos povoados que vivem nas proximidades desses rios, são os grandes atrativos turísticos da região.
Clima:
O clima da caatinga é denominado de semiárido. A baixa umidade e pouco volume pluviométrico são as principais características desse tipo de clima que influencia e determina a regra na caatinga, definindo a paisagem e os hábitos e costumes dos habitantes da caatinga.
O Polígono das Secas:
O Polígono das Secas é um território reconhecido pela legislação (Lei de 7 de janeiro de 1936) como sujeito a períodos críticos de prolongadas estiagens. Recentemente as Áreas Susceptíveis à Desertificação –SAD, passaram a ser denominadas por força de convenções internacionais (Convenção de Nairobi), de SemiÁrido Brasileiro. A Caatinga é a vegetação predominante e apresenta temperaturas elevadas; compreende os estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e extremo norte de Minas Gerais.
O Polígono das Secas compreende uma divisão regional efetuada em termos político-administrativos dentro da zona semi-árida, apresentando diferentes zonas geográficas com distintos índices de aridez, indo desde áreas com características estritamente de seca, com paisagem típica de semi-deserto a áreas com balanço hídrico positivo, como a região de Gilbués, no Piauí.
Os problemas causados pelas secas não são novos e as soluções remontam desde a época em que o Brasil ainda era Império, principalmente com a construção de açudes.
Em 1951, um grupo de estudiosos determinou os limites da região atingida por estiagens periódicas, que passou a ser chamada Polígono das Secas. Veja o mapa com as áreas atingidas pela seca, na época:
 Mapa do Polígono das Secas
Atualmente, a área do Polígono aumentou. O Maranhão que não estava demarcado na área de ocorrência de secas longas nos estudos de 1951, como observado no mapa anterior, já vem sofrendo há pelo menos 25 anos com os problemas das secas.
O aumento dessa área está relacionada à forma de ocupação humana nessa região, desde o século 16, marcada pelo uso predatório da terra, tirando dela o máximo possível em produtividade sem preocupação com o esgotamento e também com o intenso desmatamento da vegetação sem a preocupação de preservar a mata ao menos no entorno das nascentes dos rios.
O Polígono das secas caracteriza-se basicamente pelo regime de chuvas, definido pela escassez, irregularidade e concentração das precipitações pluviométricas num curto período de cerca de três meses, durante o qual ocorrem sob a forma de fortes aguaceiros, de pequena duração; Na região é comum a estiagem se prolongar por 2 e até mesmo 3 anos, causando uma situação de calamidade para a população local que acaba recorrendo ao êxodo para outras regiões do país em busca de sobrevivência
As regiões da caatinga:
O Seminário de Planejamento Ecorregional da Caatinga, realizado pela The Nature Conservancy do Brasil em parceria com a Associação Plantas do Nordeste em 2000, propõe 8 ecorregiões no bioma caatinga:
1 - Complexo do Campo Maior: localizado quase integralmente no Piauí e sudoeste do Maranhão. Consiste nas regiões que sofrem inundações periódicas nas planícies sedimentares.
2 - Complexo do Ibiapaba-Araripe, composto pelas Chapadas da Ibiapaba e do Araripe.
3 - Depressão Sertaneja Setentrional, desde a fronteira norte de Pernambuco, estende-se pela maior parte dos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará e se prolonga até uma pequena faixa ao norte do Piauí. A principal característica desta ecorregião são as chuvas irregulares ao longo do ano. É a área mais seca da caatinga.
4 - Planalto da Borborema: abrange partes do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. O relevo movimentado e altitudes superiores delimitam a região.
5 - Depressão Sertaneja Meridional: corresponde à maior parte do bioma. Representa a paisagem típica do sertão nordestino. Distingue-se da Depressão Sertaneja Setentrional por apresentar maior regularidade de chuvas e maior ocorrência de corpos de água temporários.
6 - Dunas do São Francisco: localiza-se no centro-oeste do bioma. É caracterizado pelas dunas de areias quartzosas.
7 - Complexo da Chapada Diamantina: localiza-se no centro-sul do bioma e corresponde à parte mais alta da caatinga. É a região de menor temperatura, apresenta ilhas de campos rupestres nas partes mais altas, cercadas de caatinga nas regiões mais baixas.
8 - Raso da Catarina: localiza-se no centro-leste do bioma. Caracteriza-se pela caatinga arbustiva de areia muito densa.
Desmatamento:
A Caatinga é um dos biomas mais devastados do planeta. Estima-se que somente metade de sua cobertura vegetal seja original atualmente. Desde os tempos da colonização, a caatinga vem sendo devastada vertiginosamente. Os ciclos econômicos como o da Cana-de-áçucar, do tabaco, assim como a criação de rebanhos de animais de grande porte como bois e mulas demandaram o devastamento de grandes áreas para seu desenvolvimento, muitas vezes à custa de grandes queimadas da mata.
Em 2008, a vegetação remanescente era de aproximadamente 53,62%. De acordo com monitoramento realizado de 2002 a 2008, foi registrado uma devastação territoria da ordem de 16.576 Km², o equivalente a pouco mais de 2% de todo o bioma. Os Estados da Bahia (0,55%) e do Ceará (0,50%) foram os que registraram um desmatamento acentuado. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, 45,39% de um total de 826.411 Km² da Caatinga não existem mais.
 Área desmatada da Caatinga no Sertão de Pernambuco - Fonte: http://fatosefotosdacaatinga.blogspot.com.br/2012/03/o-desmatamento-da-caatinga-no-sertao-de.html
O que mais contribui para o desmatamento é a busca incessante de madeira para fazer lenha e carvão, que servem de energia nas siderúrgicas da região sudeste do país e de olarias da região nordeste, além do uso doméstico pelas populações locais.
O intenso desmatamento da vegetação acelera o processo de desertificação do solo e potencializa os efeitos das mudanças climáticas. Somados à devastação da vegetação podem ser citados como agentes da desertificação a criação bovina e o cultivo desordenado de culturas para o mercado de biocombustíveis.
Especialistas acreditam que para conter o desmatamento na caatinga é necessário recorrer à planejamentos e execução de reflorestamento, da implantação de mais Unidades de Conservação e maiores Áreas de Preservação Ambiental, assim como a busca de novas matrizes energéticas na região como a energia eólica e implantação de pequenas hidrelétricas. Há também a necessidade de ter uma atenção especial com a recuperação dos solos e a fiscalização por parte de órgãos federais como o IBAMA para evitar que o desmatamento e a produção ilegal de carvão vegetal continuem a ocorrer.
A seguir, uma reportagem da TV Educativa de Alagoas sobre o bioma Caatinga e suas espécies:
Aspectos Culturais:
A Caatinga sempre foi alvo de muito preconceito, pelo fato de ser um bioma onde a água não é um elemento dominante na maior parte de suas paisagens e esse fato gera um paradigma muito equivocado sobre os atrativos e a exuberância da região. Um ambiente como a Caatinga incita a vontade de conhecer melhor a relação que há entre Homem x Natureza, a percepção do espaço e sua concepção, enfim, como pode ser diverso um espaço que para muitos é mais um ambiente extremo, hostil, sem graça, mas que para outros, apesar da dificuldade, é onde se pode tirar o sustento, onde se desenvolve a vida, onde se pode chamar de casa e onde se é feliz acima de tudo. 
Todo esse preconceito se converteu e ainda se converte em inspiração para muitos compositores que se empenharam e se empenham em apresentar a caatinga ao resto do país quiçá do mundo, mostrando todo o seu charme, seus atrativos, a simplicidade de um povo em forma de música, de histórias, de poesias.
Luiz Gonzaga, um dos principais representantes da musica brasileira, considerado o Rei do Baião, é ícone de referência na cultura sertaneja. Fonte:http://100porcentoaprendizagem.blogspot.com.br/2012/05/trabalhando-os-100-anos-de-luiz-gonzaga.html
O Cangaço:
Um movimento rebelde que marcou bastante a região da caatinga de forma negativa e que contribuiu para aumentar o preconceito, principalmente com o povo nordestino, foi o cangaço, uma onda de banditismo, crime e violência que se alastrou por quase todo o sertão do Nordeste brasileiro entre o século 18 e meados do século 20.  
"Para alguns especialistas, o cangaço teria nascido como uma forma de defesa dos sertanejos diante da ineficiência do governo em manter a ordem e aplicar a lei. Mas o fato é que os bandos de cangaceiros logo se transformaram em quadrilhas que aterrorizaram o sertão, saqueando, assassinando e estuprando.
Para combatê-los, o governo reagia com as "volantes", grupos de policiais disfarçados de cangaceiros, que muitas vezes eram mais brutais que os próprios cangaceiros. O maior de todos os cangaceiros, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, começou a atuar em 1920. Estima-se que sua gangue chegou a matar mais de mil pessoas.
As primeiras mulheres juntaram-se ao cangaço a partir de 1930 - a pioneira foi Maria Bonita, companheira de Lampião. 
O sucesso de seus ataques contra fazendas e vilarejos fez a polícia intensificar os esforços para enfrentá-los, usando armamentos que os cangaceiros jamais conseguiram comprar, como submetralhadoras. Em 1938, Lampião e Maria Bonita foram mortos por uma volante. Um dos sobreviventes, Corisco, tentou assumir o lugar do chefe, mas foi morto pela polícia em 1940, num ataque que encerra o cangaço."
Hoje, a imagem do cangaceiro é vista como uma figura que foi adaptada à manifestação cultural nordestina, mas com um significado de vigor, de respeito, de coragem, capaz de disseminar alegria, totalmente diferente daquela imagem de violência, de repulsa e medo de séculos atrás.
 Cangaceiros no Desfile de Carnaval da Unidos da Tijuca - Fonte: http://carnaval.uol.com.br/2012/rio-de-janeiro/escolas-de-samba/unidos-da-tijuca/
Curiosidade: No dia 28 de abril, comemora-se o dia da Caatinga.
Fonte: http://terrapulsante.blogspot.com.br/2012/07/biomas-brasileiros-caatinga.html