quarta-feira, 13 de novembro de 2013

EXERCÍCIOS

EXERCÍCIOS DE GEOGRAFIA – 7ª  SÉRIE – CAPÍTULO 06

RESPONDE EM FOLHA DO CADERNO COM DADOS DE IDENTIFICAÇÃO NO TOPO DA PÁGINA.

- NÃO PRECISA COPIAR AS PERGUNTAS;

- RESPONDE EM ORDEM, NUMERANDO AS QUESTÕES.

1ª atividade:
Faze os exercícios da página 260 (números 1 e 2) e 261 (números 3, 4 e 5):

2ª atividade:
Responde o exercício número 01 da página 271.

3ª atividade:
Responde:
a)      Qual é a importância dos meios de comunicação no que se refere aos processos naturais?

b)      O que é um tsunami? Por que ocorre?

c)      Qual é a diferença entre as escalas Mercalli e Richter, que medem a intensidade dos terremotos?

d)     Caracteriza a estrutura geológica do nosso planeta (as camadas da Terra):

e)      Explica a Teoria da Deriva Continental e da Tectônica de Placas:

f)       Caracteriza a crosta terrestre há cerca de 200 milhões de anos atrás:

g)      O que são as correntes de convecção?

h)      Desta as evidências que comprovam a teoria da Deriva Continental de Alfred Wegener:

i)        Por que no Brasil não terremotos de grande intensidade e nem vulcanismo?


j)        Como se chama a placa tectônica sobre a qual está localizado nosso país?

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

1. O processo de urbanização no Brasil, extremamente rápido e desigual, trouxe grandes comprometimentos, por vezes até calamitosos, à qualidade ambiental das cidades brasileiras. Sobre a problemática ambiental urbana, é correto afirmar que:
A) a escassez qualitativa da água, decorrente do aumento da população de baixa renda, é o principal problema relacionado ao processo de abastecimento das cidades.
B) a precária gestão dos resíduos sólidos implica na acumulação de lixo nas ruas, praças e jardins dos bairros habitados pelas populações de alta renda das grandes cidades.
C) a construção de obras de infra-estrutura que vêm sendo implantadas nas cidades brasileiras, como o aterro da Praia de Iracema em Fortaleza, objetiva a melhoria da qualidade ambiental.
D) a falta de tratamento dos esgotos sanitários, nas cidades, em parte lançados in natura no solo, vem causando danos irreparáveis às reservas de água potável, comprometendo usos múltiplos da água.
E) as emissões provenientes dos meios de transportes são as principais causadoras da poluição do ar, portanto, é nas cidades médias brasileiras que este tipo de poluição é mais acentuado.

Solução Comentada Questão 1
A questão exige o conhecimento de aspectos do processo de urbanização do Brasil e dos principais problemas ambientais das suas cidades. A escassez qualitativa da água é proveniente da poluição e da contaminação dos corpos hídricos e não do aumento populacional, seja de baixa, média ou alta renda. Portanto, é incorreta a alternativa A. 
Realmente, há uma precária gestão dos resíduos sólidos (lixo), e nos bairros habitados pelas populações de baixa renda ocorre um agravamento da situação, o que torna incorreta a alternativa B. 
A alternativa C é incorreta, pois as obras de infra-estrutura recentes, nas cidades brasileiras em geral, visam dar suporte às crescentes demandas urbanas, como o METROFOR, o AEROPORTO em Fortaleza, e não, prioritariamente, melhorar a qualidade ambiental. Além do mais, o aterro da Praia de Iracema foi uma obra muito questionada, inclusive do ponto de vista de impactos ambientais e socioeconômicos. 
A alternativa D está correta, pois, de fato, ocorre uma estreita relação entre a falta de saneamento e o comprometimento dos usos múltiplos da água. 
A alternativa E está incorreta. As emissões provenientes dos meios de transportes são realmente as principais causadoras da poluição do ar, no entanto, ocorrem nas grandes cidades onde há uma maior concentração de veículos automotivos.
Questão 1 – Alternativa D


2. A estruturação caótica dos espaços urbanos de Fortaleza é responsável pelos efeitos calamitosos que fenômenos de ocorrência regular podem provocar entre as populações de baixa renda. Sobre os problemas mais frequentes relacionados a essa questão e às suas causas geradoras, é possível afirmar, de modo correto, que:   
A) o crescimento vertical, associado ao adensamento populacional e ao aumento da produção de lixo, é o responsável pelas epidemias que ocorrem na cidade.
B) a concentração de renda, a ineficiência da assistência social e a variação na composição demográfica reduziram o IDH do Município nos últimos dez anos.
C) a elevada concentração de moradores em áreas de risco ocasiona a mortalidade infantil e a ocorrência de desabrigados por ocasião de enchentes e inundações.
D) as políticas públicas, destinadas a reorganizar a infra-estrutura da cidade e o uso dos seus espaços, reduziram o número de favelas e a incidência de ocupações ilegais.
E) a segregação urbana, que localiza a população de baixa renda nos bairros periféricos, protege as áreas mais ricas contra a violência e a incidência de criminalidade.

Solução Comentada Questão 2
A questão relaciona a ocorrência de fenômenos regulares de origens diversas à problemática urbana de Fortaleza. 
A alternativa A está incorreta, pois o crescimento vertical ocorre mais nos bairros ocupados pelas classes de média e alta renda, enquanto as epidemias atingem mais intensamente os bairros ocupados pelas populações de baixa renda. 
A alternativa B é incorreta, pois, apesar da concentração de renda e da ineficiência da assistência social, o IDH, que é definido pela escolaridade, pela renda e pela expectativa de vida, cresceu no Município, nos últimos dez anos. 
A alternativa C está correta. A grande concentração de moradores em áreas de risco contribui para a permanência de elevados índices de mortalidade infantil e para a ocorrência de grande número de desabrigados, por ocasião de enchentes e inundações. 
A alternativa D está incorreta. O número de favelas e a incidência de ocupações ilegais são crescentes nesta cidade. 
A alternativa E está incorreta Em Fortaleza, a população de baixa renda está mais concentrada nos bairros periféricos, porém também se encontram favelas e conjuntos populares difusos por toda a cidade. As áreas mais ricas não estão protegidas da violência e da incidência de criminalidade, são, na verdade, locais onde acontecem, com freqüência, assaltos e roubos de carros, entre outras situações que podem ser incluídas como violência urbana.
Questão 2 – Alternativa C


3. Em tempos neoliberais  o processo de globalização, que interliga lugares, através da movimentação de pessoas, de valores, de capitais e de mercadorias, pode ocasionar situações que expõem a humanidade a condições de risco. Entre as mais graves e/ou sobre as tentativas de evitá-las, é possível destacar, de modo correto:
A) a difusão de preconceitos contra estrangeiros, pela crença de que as pessoas e os produtos vindos de fora são os responsáveis pelas crises da economia e pelo desemprego.
B) a transferência de doenças degenerativas pelos continentes, como as neoplasias, as doenças cardíacas, o Mal de Alzheimer, entre outras, até há poucos anos, típicas de países desenvolvidos.
C) a repercussão das crises, nas bolsas de valores, provocadas por conflitos armados, que têm efeitos semelhantes entre países ricos e pobres e entre pessoas de diferentes condições sociais.
D) a carência de água, provocada pelo seu consumo inadequado, que levou o mundo a adotar como forma de controle a racionalização e a privatização do seu uso.
E) o desequilíbrio na distribuição da população mundial, solucionável através da transferência de populações, possibilidade assegurada pelas políticas migratórias internacionais.

Solução Comentada Questão 3
A questão trata de problemas de caráter universal, destacando as interrelações, que existem nos países e continentes, entre doenças, recursos hídricos, conflitos armados, mobilidade das populações. 
A alternativa A está correta. Observa-se, atualmente, a expansão do racismo que adquire caráter mais violento, apesar de ser condenado e mesmo proibido pela maioria dos governos e religiões. 
A alternativa B está incorreta, pois as doenças degenerativas, como as neoplasias, as doenças cardíacas, o Mal de Alzheimer, entre outras, não são transferidas pelo processo de globalização, não são adquiridas através de contaminação por vírus ou bactérias. A sua ocorrência mais freqüente, em países desenvolvidos, pode ser explicada, em parte, pela própria longevidade de suas populações. Doenças infecto-contagiosas, como a hepatite, a cólera, a meningite e a AIDS, entre outras, é que se difundem pelos países através do intercâmbio internacional e pessoas e alimentos.
A alternativa C está incorreta, porque a repercussão das crises, nas bolsas de valores, provocadas por conflitos armados, atinge, de forma diferenciada, países ricos e pobres e pessoas de diferentes condições sociais. 
A alternativa D está incorreta. A escassez da água não é ainda globalizada, atinge de forma desigual países e continentes, e o consumo não passa a ser adequado através da privatização do seu uso.
Igualmente incorreta é a alternativa E, pois, embora exista um grande desequilíbrio na distribuição da população mundial, a possibilidade de transferências de populações é dificultada pelas políticas migratórias internacionais.
Questão 3 – Alternativa A


4. Os riscos que o crescimento demográfico representa para a humanidade são diferenciados. Dependem dos interesses econômicos, do desenvolvimento social e das políticas internas que os diferentes países adotam para controlar a natalidade e a dimensão das famílias. Acerca dos riscos das diferentes formas de crescimento demográfico, e das intervenções dos governos para evitá-los, é possível afirmar, corretamente, que:
A) as altas taxas de natalidade aliadas à redução da mortalidade ocasionam a explosão demográfica manifestada, em especial, entre os países mais desenvolvidos.
B) os baixos índices de natalidade, associados à elevada mortalidade decorrente do envelhecimento da população, ocasionam as implosões demográficas, típicas de países ricos.
C) A redução da natalidade, motivada pelas políticas demográficas, em médio prazo leva à carência de mão-de-obra, ocasionando graves prejuízos à economia dos países onde ocorre.
D) A atual redução do crescimento populacional em áreas marginais aos rios e mares decorre do risco de furacões, enchentes e inundações a que estas áreas estão sujeitas.
E) A queda da mortalidade resulta da melhoria do padrão de vida das populações, mas ocasiona o crescimento demográfico que resulta em desemprego e déficit habitacional.

Solução Comentada Questão 4
A alternativa A é incorreta, porque as altas taxas de natalidade, aliadas à redução da mortalidade, podem ocasionar realmente a explosão demográfica. Esta, porém, manifesta-se, em especial, entre os países menos desenvolvidos. 
A alternativa B é correta, pois os baixos índices de natalidade, associados à elevada mortalidade, decorrente do envelhecimento da população, ocasionam a implosão demográfica típica de países desenvolvidos. 
A alternativa C está incorreta, pois a queda da natalidade por si só não ocasiona carência de mão-de-obra, ou prejuízos à economia. Esta, na medida em que se moderniza, emprega, proporcionalmente, nos setores tradicionais da indústria e do comércio, menor quantidade de mão-de-obra, devendo inclusive ampliar os empregos em novos setores para que não se acentue o desemprego. 
A alternativa D está incorreta. As áreas litorâneas e fluviais, em geral, são as mais densamente ocupadas e não são necessariamente áreas de risco para as populações, sujeitas a ocorrências de catástrofes naturais. Entretanto, a ocupação desordenada e acentuada destas áreas pelo homem pode transformar áreas tradicionalmente livres de ocorrências catastróficas em áreas de risco.
A alternativa  E  está  incorreta,  pois,  embora  a  queda  da mortalidade,  que  é  efetivamente  resultante  da melhoria do padrão de vida das populações, ocasione  e  contribua para o  crescimento demográfico, por si  só  não  gera  desemprego  e  déficit  habitacional,  pois  estes  são  característicos  de precárias  condições econômicas de um lugar e de  sistemas econômicos excludentes e concentradores  e renda.
Questão 4 – Alternativa B


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

MUDANÇAS SOCIOESPACIAIS NUM MUNDO GLOBALIZADO
MUDANÇAS NO ESPAÇO GEOGRÁFICO: FORMAS, FUNÇÕES, FLUXOS E MODOS DE VIDA
01.  No Brasil existem nove regiões oficialmente classificadas como metropolitanas, de importância nacional. Cada uma das metrópoles brasileiras tem sua própria área de abrangência espacial, social e econômica. Sobre o assunto, qual a afirmação mais correta?
a) São Paulo e Belo Horizonte são metrópoles nacionais localizadas na região mais industrializada do país.
b) O sistema urbano brasileiro apresenta a seguinte hierarquia: centro regional – cidade local – metrópole regional – capital regional – metrópole nacional.
c) São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília constituem as regiões metropolitanas mais importantes do Brasil.
d) A transformação de uma cidade em metrópole regional depende, principalmente de fatores políticos-administrativos, e de condições ambientais favoráveis, destacando-se a topografia, clima e vegetação original preservada.
e) As áreas metropolitanas costumam ser definidas como um conjunto de municípios vizinhos e integrados sócio-economicamente a uma cidade central, com serviços públicos e infra-estrutura comuns.

02. Leia o texto a seguir:
                “Se considerarmos que toda a população moradora de favelas invadiu terras, estamos nos referindo a ¼  da população do Rio de Janeiro, 1/3 da população de Salvador, 40% da população de Recife, Fortaleza e Belém, 1/5 da população de São Paulo, apenas para dar alguns exemplos entre as maiores cidades. Isso significa que a invasão de terras urbanas é mais uma regra que exceção. Se somarmos moradores de favelas com moradores de loteamentos ilegais, estamos falando de mais da metade de habitantes de diversas metrópoles, entre elas Rio de Janeiro e São Paulo.”
                (Ermínia Maricato, Linha Direta, julho de 1997) 
A partir do texto, assinale a alternativa que contém as afirmações que explicam a situação descrita ou acrescentam informações a ela.
1- Essa grande ilegalidade resulta de um processo de modernização econômica  sustentado, de um lado, em baixos salários,e , de outro, na especulação fundiária, alimentada pela diminuição de investimentos públicos e por uma legislação que exclui e segrega.
2 – A habitação ilegal, numa escala tão abrangente, deve-se à existência de movimentos organizados nas cidades, que manipulam as populações pobres induzindo-as à invasão, diante da facilidade encontrada em nosso país para a ocupação de terrenos e para a transgressão de leis.
3 – A grande dimensão da habitação ilegal caracteriza-se  não só pela ocupação de terrenos, mas também pela expansão sobre as áreas de proteção ambiental, como as de mananciais. Calcula-se que, só na grande São Paulo, existam cerca de um milhão de pessoas vivendo nessas áreas.
4 – Aliam-se às formas de habitação ilegal, outras situações de natureza semelhante, como a da constituição da chamada economia informal e a de formas alternativas e clandestinas de transporte.
5 – As causas de situações de habitação ilegal encontram-se na má formação educacional e na desqualificação para o trabalho dessas populações. Não procedem justificativas relacionadas com a velocidade da urbanização e com a ausência ou negligência do Estado diante desse quadro.
a) Todas                         d) 3, 4 e 5.
b) 1, 3 e 4.                      e) 1, 3 4 e 5.
c) 1, 2, 3 e 4.  

03. No mundo atual as construções vêm ocupando cada vez mais espaços nas grandes cidades. Bairros inteiros são transformados pela nova e acelerada valorização do solo urbano. Esse processo ocorre, principalmente, devido:
a) à necessidade de um melhor e mais racional aproveitamento dos espaços pela populações das diferentes classes sociais que vivem nas grandes metrópoles.
b) à necessidade de criação de espaços internos na cidade, devido à pressão da demanda e à atuação vigorosa da especulação imobiliária.
c) ao aumento da população nos grandes centros urbanos e conseqüente falta de moradia e de infra-estrutura de serviços.
d) à falta de imóveis nas cidades para as classes menos favorecidas da sociedade que necessitam de moradia para alugar ou comprar.
e) à concorrência entre as construtoras, que brigam por uma fatia cada vez maior no mercado imobiliário tendo em vista oferecer melhor qualidade de vida aos moradores.

04. A América Latina  está se tornando uma das regiões mais urbanizadas do planeta. No próximo milênio, o percentual estimado da população urbana latino-americana  e 80%. O processo de ocupação urbana, em curso no território latino-americano, apresenta, entre suas características:
a) forma difusa, que acompanha o lento êxodo rural, assinala por uma rede urbana de pequenas cidades.
b) crescimento acelerado, particularmente após a 2º guerra mundial, e forma concentrada em uma rede urbana marcada pela presença de grandes cidades.
c) estrutura homogênea, formando rede de cidades médias conectadas ao desenvolvimento de atividades rurais e mineradoras.
d) função administrativa e portuária, constituindo uma rede litorânea como suporte das atividades de importação de bens.
e) conteúdo marcantemente regional das cidades e forma dispersa que obedece à disposição do relevo.

05.  “A cidade de S. Paulo não oferece à primeira vista atrativos capazes de explicar a localização aí de um grande centro de mais de dois milhões de habitantes, que representa a segunda cidade do Brasil e a terceira da América do Sul. Parece que os fatores físicos e naturais não tiveram aqui influência alguma. (...) Contudo, apesar disto, o local de S. Paulo é sob vários aspectos, privilegiado. E é a isto que o maior centro do Estado deve sua situação e desenvolvimento.”
(Caio Prado Júnior. A cidade de S. Paulo – geografia e história. S. Paulo: Brasiliense, 1983, p. 7 e 8)
Nesse texto, publicado originalmente em 1933, Caio Prado Júnior analisa alguns fatores geográficos que ajudam a explicar a escolha do local onde está a cidade de S. Paulo pelos padres da Cia. de Jesus para a fundação de uma vila que seria o ponto de partida para a missão jesuítica no século XVI, e que se mostraria adequada pra a expansão do território brasileiro levada a cabo pelos bandeirantes, que resultou numa das maiores cidades do mundo. Sobre esta questão, aponte qual das afirmativas abaixo é falsa:
a) A posição do rio Tietê, cujo curso, seguindo para  o interior até atingir a ampla rede hidrográfica do rio Paraná, possibilitou que os bandeirantes chegassem facilmente ao interior do continente, ampliando as fronteiras.
b) O local de implantação do colégio dos jesuítas era estratégico, protegido dos ataques indígenas. Localizado no alto de uma colina de um sítio naturalmente defendido por escarpas e   pelos rios Tamanduateí e Anhangabaú e com uma boa visão de um horizonte vastíssimo.
c) O local onde foi fundada a cidade de São Paulo ocupava o centro de todo o sistema de comunicações do planalto. A partir desse ponto foi possível articular não apenas o interior do Brasil, mas o sul até a bacia do Prata, concentrando o comércio de tropeiros até o século XIX. Esse sistema está representado nas atuais estradas que tem a cidade como ponto de convergência.
d) A proximidade do local onde está a cidade de S. Paulo  do melhor ponto para transposição da Serra do Mar no século XVI foi decisiva. Ao contrário de outros locais, só havia um abrupto para vencer, e depois um terreno  de percurso fácil até os campos de Piratininga. Esse era um caminho já usado pelos índios.
e) A localização da cidade de S. Paulo em uma imensa planície com uma mata abundante e fechada , que forneceu por longo tempo madeira para as primeiras construções. A quase inexistência de acidentes geográficos teria facilitado a ocupação, resultando numa cidade plana.

06. Assinale a alternativa que completa corretamente a assertiva abaixo.
No pós segunda guerra mundial, o crescimento industrial alterou a localização das regiões fabris de S. Paulo. A indústria ultrapassou os limites do município da capital, difundindo-se para as cidades vizinhas e acelerando o processo de ___________________.
a) polarização                   b) hierarquização                 c) globalização               d) conurbação                    e) tecnopolização
   
07. “São Paulo conhece, na verdade, a sua terceira fase de mundialização. A primeira, baseada no comércio, é aquela com a qual a cidade passa do século XIX para o século XX. A segunda é fundada na produção industrial e dura até os anos 60, ao passo que a fase atual, baseada nas anteriores, é a da metrópole global, cujas atividades utilizam da informação como base principal de seu domínio.” (Santos, Milton. Por uma economia política da cidade. S. Paulo: Hucitec, 1994)
Com base no texto acima, assinale a  alternativa que corresponde à dinâmica da fase atual da metrópole paulista:
a) descentralização industrial somada à retração econômica e perda expressiva da centralidade anterior.
b) nesta “terceira etapa da mundialização”, São Paulo concentra as suas atividades  no setor terciário e de prestação de serviços.
c) desindustrialização e redução do setor terciário (de prestação de serviços e de comércio), dependente do primeiro.
d) industrialização expandida para áreas mais distantes como zona sul, facilitada pela expansão da malha viária, como a avenida Brigadeiro Faria Lima,a Berrini e a marginal Pinheiros.
e) com o “centro novo” e o “centro expandido”,  o “centro velho” não participa mais da economia atual.   

08. Megacidades são aglomerações urbanas que:
a) alojam centros do poder mundial e sedes de empresas transnacionais.
b) concentram mais de 50% da população  total, em países pobres.
c) têm mais de 10 milhões de habitantes, em países ricos ou pobres.
d) pertencem a países de grande importância no comércio mundial.
e) não têm infra-estrutura de comunicação suficiente, apesar de serem grandes.

09. “A rede urbana não é ‘inocente’, no sentido de serem ‘simples’ conjunto de cidades ligadas entre si por fluxos de pessoas, bens e informações, como se isso fosse coisa de menor importância ou não tivesse a ver com os mecanismos de exploração  econômica e exercício do poder existentes em nossas sociedades.”   (Lopes, Marcelo. In: ABC do desenvolvimento urbano)
Com relação ao texto acima é correto afirmar que:
a) o campo é a área do território nacional que escapa da rede de poder econômico e político exercido pelas cidades.
b) as cidades se apresentam, ao longo da rede urbana, como suportes de disseminação de idéias, das cidades menores para as maiores.
c) uma metrópole nacional, a exemplo de S. Paulo, concentra as sedes das grandes empresas e, tendo como suporte a rede urbana, exerce a gestão do território.
d) os centros locais funcionam como centros de distribuição de bens e serviços e acumulam capital originários dos centros regionais da rede urbana  ao qual estão inseridos.
e) o campo funciona como suporte de disseminação de bens e idéias, até chegar a cidade.

10. Nos últimos anos, ocorreram mudanças no padrão migratório brasileiro. As metrópoles do Sudeste já não apresentam o elevado grau de atração demográfica que tinham antigamente.
Entre as causas desse fato, pode-se citar:
a) o maior controle por parte do Estado brasileiro para inibir o crescimento descontrolado das cidades.
b) a criação das frentes pioneiras no Sul do país, que representam grande potencial de empregos na zona rural.
c) a redução das históricas diferenças econômicas  entre as regiões, graças à modernização das atividades agrícolas.
d) a descentralização econômica, pois inúmeras empresas estão saindo do Sudeste e se instalando em outras regiões.
e) o empenho de órgãos, como o IBGE, que tentam promover o aumento das densidades demográficas no interior do país.

11. Leia o texto:
“O mundo está diante da perspectiva de ter mais da metade de sua população vivendo em cidades grandes, pobres, sujas e doentes.” (Veja, 28/07/99)
A respeito do fenômeno da urbanização global, as afirmações estão corretas,  exceto:
a) As cidades são a estrutura mais importante da economia globalizada e, em breve, os controles da economia internacional estarão centralizados em algumas cidades ricas.
b) A população urbana mundial está crescendo muito e criando problemas de difícil administração, principalmente nos países pobres e sem condições de investir em melhoramentos essenciais.
c) Os problemas urbanos ambientais são causados pela tendência de uma maior concentração de indústrias nas grandes cidades, atraídas por uma série de vantagens locacionais.
d) Historicamente as cidades sempre foram geradoras de desenvolvimento econômico, social e cultural, mas, atualmente, a transformação tecnológica da economia mundial e o crescimento exagerado da população urbana estão alterando esse quadro.
e) São Paulo tem sido apontada por economistas e sociólogos como a principal cidade global da América do Sul, com chances de se colocar como um dos centros econômicos mundiais.

12. Nos últimos anos, as taxas de crescimento urbano da Amazônia foram bastante elevadas. Segundo o censo 2000 (IBGE), 70% da população da região vive em núcleos urbanos. Entre as causas que melhor justificam esse crescimento, é correto citar:
a) a instalação da zona franca de comércio em Manaus e a construção da rodovia transamozônica.
b) o esgotamento da capacidade de absorção de mão-de-obra dos grandes centros da região sudeste e a migração de suas indústrias para a área de Carajás.
c) as altas taxas de natalidade do meio rural, que obrigam parte dos filhos dos agricultores a procurar meios de sobrevivência nas cidades da mineração.
d) as políticas de ocupação da Amazônia, a ampliação da fronteira agropecuária e a adoção do modo agroindustrial de produção.
e) o fato de o solo da região amazônica ser pobre e incapaz de produzir altas quantidades de alimentos, o que obriga as pessoas a migrar para as cidades.

13. As cidades estão passando por um período de transição especialmente difícil. Tem cada vez mais gente e menos emprego, menos saúde, menos qualidade de vida. Elas eram centros que viviam da indústria. Surgiram com essa função no final do século XVIII. Agora, o fenômeno acabou. As indústrias querem distância das cidades (...) A citação acima (extraída da revista Veja, 28 de julho de 1999) refere-se à geografia das grandes cidades. Analisando-a, depreende-se que: (assinale V para verdadeiro ou F para Falso):
(   ) Nas grandes cidades do século XX, o setor econômico que mais cresce é o terciário moderno (produção de programas para computadores, meios de comunicação e serviços em geral,) conforme sugere a frase onde se lê que as cidades “eram centros da indústria”.
(   ) O conteúdo social das cidades, constituído por segmentos sociais cujas condições de vida são diversas entre si, é ocultado pela generalização feita na referência a “menos qualidade de vida” nas cidades, atualmente.
(   ) Há uma idéia equivocada  na afirmação de que as indústrias estão “abandonando os grandes centros urbanos e deixando muita gente sem trabalho” pois a causa imediata do desemprego urbano não é a ‘fuga’ das indústrias das grandes cidades, mas a atuação do capital transacional: no campo, privilégio à produção para a exportação e, na cidade, automação da indústria e dos serviços.
(   )   Em “as indústrias querem distância das cidades” têm-se uma alusão à desconcentração geográfica das indústrias, fenômeno devido aos altos preços dos terrenos urbanos e à organização sindical dos trabalhadores, entre outros.


GABARITO DOS EXERCÍCIOS
01. C        
02. B         
03. B
04. B      
05. C   
06. D
07. B
08. C         
09. A      
10. C     
11. D    
12. D         

13.V, V,V,V   

quinta-feira, 4 de julho de 2013

GABARITO – QUESTÕES SOBRE MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS

GABARITO – QUESTÕES SOBRE MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS

1-D
2-B
3-D
4-A
5-B
6-E
7-D
8-A
9-D
10-E
11-C
12-D
13-B
14-A
15-B
16-D
17-C
18-B
19-D
20-E
21-A
22-B
23-D
24-B
25-C
26-C


terça-feira, 25 de junho de 2013

2º ANO - Ascensão e queda do fordismo

Ascensão e queda do fordismo
Por Luís Antônio Paulino*
Quais as principais transformações do sistema capitalista nos países desenvolvidos, e as consequências para os países em desenvolvimento e América Latina?


O objetivo deste artigo é discutir as principais transformações que o sistema de produção capitalista sofreu nas últimas três décadas no âmbito dos países desenvolvidos e as principais consequências para os países em desenvolvimento, em particular a América Latina.
Analisaremos na primeira parte do artigo a ascensão e crise do fordismo, modelo de desenvolvimento que se desenvolveu nos EUA na década de vinte e após a Segunda Guerra Mundial adquiriu configuração mundial no mundo ocidental industrializado.
Na segunda parte, verificaremos qual a resposta que os países desenvolvidos deram à crise deste modelo de desenvolvimento. Destacaremos particularmente o processo de reestruturação industrial ocorrido no âmbito das economias centrais e as principais características do novo modelo em desenvolvimento.
Finalmente, discutiremos como essas transformações repercutem  no nível das economias centrais e as principais características do novo modelo em desenvolvimento, e como essas transformações repercutem no nível das economias periféricas e quais os possíveis cenários delas decorrentes.
Em primeiro lugar, é necessário definirmos as principais características deste modelo de desenvolvimento que emergiu no pós-guerra nos países capitalistas centrais.
Uma vez adotada a perspectiva da escola francesa da regulação, um modelo de desenvolvimento pode e deve ser analisado sob três aspectos:
a) o paradigma tecnológico ou modelo de industrialização;
b) o regime de acumulação; e
c) o modelo de regulação.
O paradigma tecnológico ou modelo de industrialização diz respeito aos princípios que governam a evolução da organização do trabalho.
É definido regime de acumulação como “aquele modo de realocamento sistemático do produto que rege, num longo prazo, uma certa adequação entre as transformações das condição de produção e as transformações das condições de consumo.
Um tal regime de acumulação é dado por um esquema de reprodução que descreve, período por período, a alocação do trabalho social e a repartição dos produtos entre os diferentes departamentos da produção”.
O regime de acumulação nos informa, portanto, de um ponto de vista estático, de que modo o produto social gerado num determinado período pelo processo humano é distribuído entre os diversos agentes de econômicos e de um ponto de vista dinâmico, como os ganhos decorrentes da elevação da produtividade do processo de trabalho são redistribuídos entre esses mesmos agentes e são realocados no processo de produção.
Pode ser um regime de acumulação extensivo ou intensivo. Ele é dito extensivo quando  “a acumulação capitalista é dedicada principalmente à expansão da produção, com normas produtivas idênticas”, e é dito intensivo quando a acumulação capitalista é dedicada ao “aprofundamento da reorganização capitalista de trabalho, geralmente no sentido de uma maior produtividade e de um maior coeficiente de capital”. É intensivo, portanto, na medida em que se baseia no aumento progressivo da produtividade e taxa de capital fixo per capita.
Por modo de regulação se entende o conjunto de normas, hábitos, procedimentos, instituições que agem como forças coercitivas ou incentivadoras para que os agentes privados se conformem com determinado regime de acumulação.
O fordismo encerra a revolução taylorista ocorrida no início deste século nos EUA
Temos, portanto, que “o regime de acumulação aparece como resultado macroeconômico do funcionamento de um modelo de regulação, tendo por base um modelo de industrialização”.
Uma vez definidos os principais parâmetros que devem nortear a análise de um determinado modelo de desenvolvimento, passemos a analisar o fordismo de acordo com esses critérios.
No que se refere ao paradigma tecnológico ou modelo de industrialização, podemos considerar que o fordismo encerra a revolução taylorista que ocorreu no início do século.
O taylorismo baseava-se rigorosa padronização de gestos operativos do trabalhador, de modo a encontrar a melhor maneira de executar uma determinada operação. No fundo, tinha dois objetivos principais: primeiro generalizar mais rapidamente o método de trabalho aparentemente eficaz, elevando assim a produtividade do trabalho e, segundo, através do conhecimento mais preciso do tempo de cada operação, controlar com maior rigor o ritmo de trabalho dos operários.
É interessante notar que um dos aspectos centrais do taylorismo é a expropriação que se faz do trabalhador da iniciativa do trabalho. O antigo artesão detinha o Know-how do processo de trabalho. Era, por assim dizer, o proprietário do conhecimento de como produzir determinada mercadoria. Com o taylorismo, essa capacidade é subtraída ao trabalhador e incorporada no processo de produção.
E no que o fordismo difere do taylorismo enquanto paradigma tecnológico?
No fato de que no fordismo, “as próprias normas são incorporadas no dispositivo automático da máquinas (o caso da linha de montagem é típico) que dita a operação requerida e o tempo necessário para a sua organização”.
Quanto ao regime de acumulação característica do fordismo, podemos considerar que suas principais características são a de um regime de acumulação intensiva (aumento da produtividade e do capital fixo per capita) e baseado no consumo de massa.
Quanto ao primeiro aspecto é importante notar que em fase áurea os ganhos de produtividade engendrados pelo fordismo compensavam os investimentos em capital fixo, o que garantia, portanto, a manutenção da taxa média de lucro dos capitalistas. É importante destacar esse aspecto, pois, como veremos adiante, é por aí que o arcabouço do fordismo vai começar a ruir.
Quanto ao segundo aspecto: consumo de massa, podemos considerar como sendo, ao lado de seu paradigma industrial, o segundo pilar do sucesso do regime fordista.
Na fase pré-fordista, a aplicação dos princípios tayloristas no processo de trabalho  engendrou ganhos de produtividade que, ao serem incorporados aos salários, levaram à crise de superprodução de 1930. A partir daí o capitalismo se pôs um problema, cuja solução se deu no bojo de um agudo conflito de classes e nações. Pressionado, de um lado, pela existência do campo socialista que oferecia aos trabalhadores uma perspectiva que o capitalismo era incapaz de oferecer e, de outro, pela suas próprias crises, o fordismo surge como um “achado”do capitalismo, como um novo modelo de desenvolvimento cuja principal característica consistiu em contrabalançar o crescimento quase igual do poder aquisitivo dos assalariados.
Isso nos remete à questão do modo de regulação característico do fordismo. Enquanto no capitalismo clássico do final do século XX o que prevalecia eram os ajustes concorrenciais, no fordismo o que se constata é a chamada regulação monopolista dos salários, onde através das convenções coletivas nos setores líderes, da fixação por parte do Estado, de um salário-mínimo, além de uma garantia de rendimentos mínimos através do Estado-providência, é possível que a elevação da produtividade se reflita na elevação do poder aquisitivo dos trabalhadores. “Sob o fordismo, portanto, a lei geral da estrutura de evolução salário direto é: crescimento do salário = crescimento dos preços + crescimento da produtividade geral”.
É preciso ainda destacar no fordismo o papel do Estado. Além de sua capacidade de interferir sobre a distribuição de renda pela fixação do salário-mínimo, pela tributação e pela distribuição de benefícios sociais, o Estado, ao regular a criação da moeda de crédito, pode antevalidar os valores em processo, evitando assim as crises de realização da produção.
Se as crises anteriores do capitalismo surgiram como crises de superprodução, a crise do fordismo aparece em primeiro lugar como crise de lucratividade.
A principal razão desta crise que tem início nos anos 1960 está na desaceleração geral de ganhos de produtividade. A partir de um certo momento, os ganhos de produtividade já não compensam o aumento da composição técnica do capital, rebaixando sistematicamente a taxa média de lucro.
Podemos constatar a queda ocorrida nos ganhos de produtividade entre os anos 1960 e os 1970 nas principais economias do ocidente (vide tabela).
As raízes desta crise estão nos próprios princípios tayloristas, nos quais se baseia o regime fordista. Ao expropriar o trabalhador da iniciativa do trabalho e ao concentrar a luta pela produtividade nas mãos dos engenheiros e técnicos de Organização e Métodos, alienando o coletivo de trabalhadores da luta pela produtividade, o aumento desta só pode ser alcançado pelo desenvolvimento de máquinas cada vez mais complexas, operadas por trabalhadores cada vez mais desqualificados, o que leva naturalmente a um aumento cada vez maior da taxa de capital fixo per capita, que a partir de um determinado momento, como foi dito acima, já não é compensado pelo aumento da produtividade geral do trabalho, levando naturalmente a uma crise de rentabilidade.
De crise latente no início da década de 1960, a crise explode de maneira aberta nos anos 1970 com o primeiro choque do petróleo em 1973.
O aumento de preços do petróleo pressiona ainda mais a rentabilidade das empresas, acirrando a disputa pela redistribuição da riqueza produzida. As consequências imediatas foram a aceleração inflacionária e a tentativa de patrões e governo de arrochar os salários e restringir o crédito, procurando assim impor uma queda do poder aquisitivo dos assalariados.
Uma nova divisão de trabalho por nível de qualificação dentro do mesmo ramo industrial
Diante da crise de rentabilidade que começou a afetar o fordismo no início da década de 1960, a resposta dos empresários foi num primeiro momento a internacionalização da produção. Esse movimento decorrente da própria lógica do fordismo visava à busca de ganhos de produtividade através da ampliação da escala de produção e da procura de regiões com taxas de salários mais baixos. Esse movimento só foi possível porque o fordismo, do ponto de vista do processo de trabalho, permite uma segmentação do processo  produtivo em diversos níveis de atividade.
É possível, assim, isolar as atividades de concepção e projeto, de um lado, a fabricação qualificada que exige mão-de-obra qualificada, de outro, e a execução e montagem desqualificadas, que não exigem nenhuma qualificação da mão-de-obra, num terceiro nível. Desta forma, à antiga divisão internacional do trabalho entre setores primário e secundário se sobrepõe uma nova divisão entre níveis de qualificação dentro de um mesmo ramo industrial.
Do ponto de vista dos países periféricos, esse movimento foi chamado de “mudança do conteúdo das exportações”. Esta estratégia de mudança do conteúdo das exportações, por sua vez, dependendo da forma como se articula com o próprio regime de acumulação local e com o regime de acumulação central, pode seguir duas diferentes lógicas: “a taylorização primitiva” e o “fordismo periférico”.
Por “taylorização primitiva” entende-se o simples deslocamento para a periferia de estações de trabalho parcelizadas e repetitivas, intensivas na utilização da mão-de-obra e em geral com baixo conteúdo de capital fixo. “Esta lógica visa a extorquir a mais-valia máxima da mão-de-obra que ninguém está preocupado em reproduzir regularmente”.
O exemplo clássico de “taylorização primitiva” era as zonas de exportação que foram montadas no Leste asiático, para montagem de produtos eletrônicos de consumo popular, que utilizavam mão-de-obra semi-escrava, principalmente feminina.
Quanto ao “fordismo periférico”, o seu surgimento está condicionado à existência de um mercado interno capaz de absorver pelo menos parte da produção. Isso pressupõe a existência de um certo nível de capital local autônomo, de classes médias urbanas abundantes e de uma classe operária com certo nível de consciência.  Nesta categoria poderíamos incluir os chamados “novos países em industrialização” (NPIs), como Coréia do Sul, Taiwan, Brasil, México, Espanha, Portugal. A qualificação de periférico decorre do fato de os níveis de trabalho correspondentes às fases de produção qualificada e principalmente de engenharia permanecerem em grande medida exteriores a estes países.
É preciso lembrar ainda que o fato de o modelo fordista se desenvolver em certos países periféricos, não implica dizer que os outros regimes de acumulação ali vigentes simplesmente desapareceram. É perfeitamente possível a convivência de um modelo fordista (periférico) baseado em classes médias urbanas e num setor operário mais consciente e organizado, com outros regimes de acumulação cuja base principal seja, por exemplo, o latifúndio, ou que se apoie simplesmente na super-exploração de uma classe operária desorganizada e desqualificada. É preciso, portanto, ter cuidado de não nos tornarmos escravos de determinados conceitos, fazendo com que eles de instrumentos para explicar certas realidades passem a funcionar como geradores da própria realidade, realidade esta, porém, que precede o conceito e que, portanto não é determinada por ele.
A pergunta que se faz agora é a seguinte: diante da crise de rentabilidade do fordismo nos países centrais, a que nos referimos anteriormente, foi a internacionalização da produção uma solução efetiva? A resposta parece ser negativa, pois, de um lado, esse processo de internacionalização, que visava a resolver os problemas da rentabilidade, através da redução do custo da mão-de-obra e da ampliação da escala de produção, num primeiro momento parece ter dado uma resposta satisfatória aos problemas enfrentados por este modelo de desenvolvimento; de outro, essa solução fez com que o problema surgisse pelo lado da demanda, do consumo. Esse processo de internacionalização da produção, principalmente através da “taylorização primitiva” na periferia, levou a que se diminuíssem os números dos postos de trabalho no centro, que se estagnassem os salários, levando consequentemente a uma crise de consumo no centro, que não foi nem de longe compensada pelo aumento do consumo na periferia. Desta maneira, a crise surge outra vez, agora levada pelo colapso da demanda.
O crescimento industrial mundial, que ao longo dos anos 1960 variava entre 6 e 7% ao ano, despencou nos anos 1970 para uma taxa média de 2,5% ao ano. Essa ruptura é primeiro observada nos Estados Unidos, difundindo-se depois para a Europa.
É interessante notar que as análises tradicionais deste fenômeno têm como ponto de partida o nosso ponto de chegada. Isto é, consideram que a causa principal da crise do fordismo esteja no colapso da demanda, principalmente de bens de consumo duráveis. E atribuem esse colapso não à estagnação dos rendimentos e à diminuição do emprego nesses países, mas a um esgotamento de um determinado padrão de consumo. Essa visão parcial da realidade leva à não compreensão da exata natureza do processo de reestruturação industrial ora em curso nos países industrializados. Tal processo, como veremos a seguir, é conservador e excludente, não só em relação aos países periféricos, como dentro dos próprios regimes centrais de acumulação.
Reestruturação da indústria na seleta comunidade dos países ricos e desenvolvidos
Analisamos a crise do fordismo e constatamos que em sua base estava o enfraquecimento da produtividade, por um lado, e o crescente aumento da composição orgânica do capital, por outro, levando a uma diminuição constante da taxa média do lucro e, consequentemente, à crise de rentabilidade do sistema como um todo.
Vimos também que a resposta das empresas e essa crise de rentabilidade foi a internacionalização da produção, buscando relações salariais mais vantajosas e ampliação da escala de produção.
Vimos, ainda, como essa política, ao diminuir os empregos e estagnar os salários no centro, levou a uma crise de subconsumo nos países desenvolvidos.
Antes, porém, de analisarmos como o capitalismo respondeu a essa situação, é preciso distinguir três diferentes configurações dessa crise.
Na primeira fase da crise, que vai do primeiro choque do petróleo em 1973 até o final do governo Carter, em 1979, podemos dizer que houve uma administração social-democrata da crise. Como já observamos anteriormente, o primeiro choque do petróleo detonou a crise latente do fordismo que se desenvolveu nos anos 1960. O brutal aumento de preços recrudesceu o problema da rentabilidade das empresas. A resposta dada pelo governo americano foi a concessão de crédito fácil às empresas, via emissão de dólares, procurando diluir o impacto deste aumento, já que os preços do petróleo eram fixados em dólares. Através deste “laxismo monetário”, o governo americano esperava diluir o choque petrolífero, evitando assim qualquer ajuste estrutural mais sério na economia.
Essa política, porém, gerou suas próprias contradições: o dólar se desvalorizou e aumentou a inflação mundial. Isso levou a um aumento do custo de capital e consequentemente à diminuição do investimento e da criação de empregos. Isso, por sua vez, se refletia na queda da rentabilidade global das empresas dado que não crescendo o número de empregos e sendo crescentes os custos do Estado-providência, devido ao aumento da inflação, os encargos sociais por ativo naturalmente aumentavam para as empresas. É neste ponto que ocorrem os deslocamentos das empresas ao Terceiro Mundo em busca de relações salariais mais vantajosas e de novas fontes de produtividade nos processos produtivos.
Podemos identificar uma segunda fase da crise, (1979-81), que corresponde ao segundo choque do petróleo e à implementação da política monetarista do final do governo Carter e início do governo Reagan. A lógica da política monetarista era rasgar as redes de segurança propiciada pela política social-democrata ao fordismo, principalmente através do sistema de crédito. Baseou-se em uma política monetária rígida, que restringiu o crédito e aumentou o custo do dinheiro.
Se o problema, contudo, era a rentabilidade das empresas, como recuperá-la através da restrição ao crédito, se isso em última instância levaria à queda da demanda final?
Corte dos impostos dos ricos e redução de gastos sociais com a camada mais pobre
É aí que surge a terceira configuração, correspondente ao período Reagan. A “reagononics”. Sua lógica era aumentar o consumo através da diminuição dos impostos. Trata-se, no entanto, de uma lógica perversa, na medida em que beneficia, de um lado, os que pagam impostos, isto é, a camada mais rica da população, e, de outro, pelo corte dos gastos sociais decorrente da diminuição de impostos, prejudica ainda mais as camadas mais pobres. Era uma espécie de new deal invertido.
Esta parece ser a lógica econômica dessa nova configuração do capitalismo mundial: buscar a recuperação da rentabilidade no sentido oposto ao do fordismo. Enquanto este garantia a reprodução do sistema capitalista, na base do consumo de massa, a nova configuração do capitalismo mundial se baseia num modelo cada vez mais excludente e concentrador de renda. Mas, assim como ao modelo fordista de desenvolvimento correspondia a um determinado modelo de industrialização, a esse novo modelo deve necessariamente corresponder um novo paradigma industrial, cujas principais características descrevemos a seguir.
Enquanto no modelo fordista a produção de massa é ao mesmo tempo uma necessidade micro e macroeconômica, dado que “a rentabilidade de grandes conjuntos mecânicos rígidos requer uma produção contínua em longas séries do mesmo produto, e, portanto, um mercado de massa”, o novo paradigma industrial, baseado na “automação flexível”, convive com a produção de pequenas séries destinadas a mercados menores e segmentados.
O aspecto característico do novo paradigma industrial pós-fordista é “a invasão do microprocessador e das interfaces eletrônicas não somente em novos produtos, mas também no próprio processo de trabalho”. Esse fato permite uma flexibilidade maior do processo produtivo. Um mesmo tipo de equipamento pode ser adaptado rapidamente para diferentes séries de produtos. Dissocia-se desta forma o ciclo de vida do produto do ciclo de vida do equipamento. O novo paradigma possibilita, assim, garantir todas as vantagens das economias de escala possibilitadas pelas longas séries de produção, só que agora em pequenas séries e destinadas a mercados mais restritos e exclusivos, em função da maior flexibilidade dos equipamentos propiciada pelos avanços da microeletrônica.
É evidente, portanto, que, de um lado, o novo paradigma industrial resolve um aspecto da crise, o da estagnação da demanda. A criação de novos produtos, mais sofisticados, destinados a mercados mais restritos, dá um novo alento ao consumo. Para as empresas, isto é o que realmente interessa, dado que para elas pouco importa estar vendendo em mesmo produto para muita gente. Por outro lado, porém, a crise se torna mais aguda, pois polariza, de um lado, um mercado consumidor cada vez mais restrito e sofisticado e, de outro, uma massa de pobres, cujo poder de consumir se reduz cada vez mais. Esse parece ser um traço característico do capitalismo atual, não só na periferia do mundo, como nos próprios países centrais, particularmente nos Estados Unidos.
O Japão conquistou mercados dos outros e aumentou a produção evitando o desemprego
Uma prova disso é a diminuição de empregos nesse novo período. De acordo com Christian Stoffaes, professor da Harvard University, “a maior parte das indústrias manufatureiras verá a diminuição de seu número de empregos de dois terços, talvez mais, quando passar a utilizar os últimos progressos da robótica, da concepção assistida por computador, das oficinas flexíveis, do recorte por laser, da gestão informatizada. Na França, se a siderurgia aproveitasse as últimas tecnologias conhecidas, deveria produzir a mesma tonelagem de hoje com 30 mil empregos em vez de 80 mil em 1986 ou 160 mil dez anos atrás. A indústria têxtil-vestuário poderia se contentar com 150 mil empregos em vez de 400 mil em 1986 e 800 mil quinze anos atrás; a indústria automobilística, com 100 mil em vez de 250 mil; a construção mecânica, com 250 mil em vez de 500 mil etc”. O setor de serviços, que teoricamente poderia absorver a parcela de mão-de-obra liberada pela indústria, também se vê às voltas com o mesmo tipo de problema. “Os grandes setores de serviços provedores de empregos estão agora atacados pela estagnação de sua produção e pela informatização acelerada dos escritórios: os bancos, os seguros, a distribuição, os transportes, que vêm criando uma quantidade enorme de empregos há trinta anos, quase não os criam mais agora e até anunciam compreensões de efetivos no futuro”.
Este é um aspecto normalmente pouco lembrado de Reestruturação Industrial e diz respeito a quem efetivamente pagou as contas deste processo de ajuste. Maria da Conceição Tavares assim resume esta questão: “Em termos de custos sociais internos, com exceção dos centros asiáticos, a maioria dos países desenvolvidos fez os sindicatos pagarem o ajuste (Inglaterra, Estados Unidos, Itália e Espanha são os casos mais notórios) e de um modo geral reduzindo o emprego da força de trabalho”.
Um outro aspecto que precisamos considerar é que este processo de reestruturação industrial dos países desenvolvidos alterou a sua posição relativa na arena internacional.
Como vimos, o fator determinante desse processo foi, num primeiro momento, a queda da rentabilidade das empresas decorrente da redução dos ganhos de produtividade vis a vis o crescimento do capital fixo e, num segundo momento, a estagnação do consumo nesses países, decorrente do processo de internacionalização da produção e da consequente estagnação dos seus salários.
Vimos, também, que a crise latente do fordismo durante a década de 1960 estourou com o primeiro choque do petróleo em 1973, pressionando ainda mais a rentabilidade das empresas.
Ao analisar as três configurações da crise, verificamos que na primeira fase, que denominamos de social-democrata, a política dos Estados Unidos foi, através da emissão de dólares, procurar contornar os seus efeitos na economia americana, uma vez que os preços do petróleo eram cotados em dólar. Também que o grau de dependência da economia americana em relação a produtos importados era muito pequeno, pouco afetando os seus custos uma eventual desvalorização da sua moeda.
Essa política, porém, teve seus efeitos, pois enquanto os EUA, através dela, foram postergando os ajustes estruturais de sua economia, com o Japão ocorreu exatamente o contrário. Diante da valorização de sua moeda frente ao dólar e de sua extrema vulnerabilidade externa com relação a materiais estratégicos, o Japão foi forçado, por questão de sobrevivência, a buscar novas fontes de produtividade. Buscou aumentar a sua eficiência industrial para poder manter a competitividade internacional de suas exportações, além, evidentemente, de economizar petróleo.
Desta forma, nesta nova etapa, o Japão saiu na frente e naturalmente beneficiou-se desta situação. Ao ocupar crescentes faixas do comércio internacional, ele pôde, por exemplo, praticamente eliminar o problema do desemprego decorrente da introdução das novas tecnologias, aumentando seu volume de produção e deslocando seus concorrentes da Europa e da América em inúmeros mercados.
As consequências da reestruturação industrial na América Latina e países dependentes
Os Estados Unidos, a Inglaterra, a França e a Itália, que vieram bem depois nesse processo de reestruturação industrial, tiveram, como vimos, um alto custo social, principalmente em termos de desemprego, não só porque as novas tecnologias são poupadoras de mão-de-obra, mas também porque perderam expressivas faixas de mercado para o Japão.
Caberia, ainda, uma palavra a respeito do processo de reestruturação industrial nos EUA, dado que isso tem muito a ver com a nova configuração da divisão internacional do trabalho. Embora sabidamente os EUA tenham se retardado no processo de reestruturação industrial, não podemos considerar como definida a nova configuração mundial decorrente desse processo, posto que, contraditoriamente, o fluxo de capital que hoje acorre do Japão e dos outros países capitalistas para os Estados Unidos está promovendo a reestruturação industrial da economia americana.
Entraremos agora na discussão do último aspecto que nos propusemos a analisar neste artigo: as prováveis consequências deste processo de reestruturação industrial dos países da OCDE em nível de países dependentes, em particular a América Latina. Antes de mais nada é preciso lembrar que se o processo de reestruturação industrial promovido nos países desenvolvidos teve um caráter excludente e conservador ao seu nível interno – com enormes custos sociais, principalmente em termos de desemprego – o que dizer então dos países periféricos. Assim, Maria da Conceição Tavares se refere a esse fenômeno: “a difusão do progresso técnico e a distribuição de seus frutos têm estado restringidos em termos de países, de empresas, e de pessoas incorporadas; a distribuição dos custos tem sido paga pela crise financeira dos Estados, pelos sindicatos tradicionais, e pelos países periféricos. As economias centrais têm guardado para si os avanços científicos e tecnológicos, os núcleos de expansão e diversificação produtiva, os fluxos de comércio e de capitais”.
Dieter Ernst, em trabalho que analisa o papel que desempenha a tecnologia na reestruturação mundial da indústria manufatureira e do comércio, bem como o seu impacto sobre a competitividade internacional de um grupo de países com economias de recente industrialização da América Latina e da Ásia, afirma o seguinte: “se bem as novas tecnologias tenham um grande potencial, pouco aproveitado    ainda, para abrir novas combinações tecnológicas e aumentar sua produtividade, é um fato que a maior parte do mundo não tem acesso a opções reais para aumentar sua produtividade. A menos que suceda algo que permita modificar a referida tendência, a distância que separa os países ricos dos países pobres tenderá a aumentar”.
À pergunta de se existe um espaço suficiente para estabelecer formas viáveis de cooperação tecnológica internacional que inclua – em vez de excluir – os países em desenvolvimento e que aproveite os benefícios mútuos que oferece a complementaridade, o referido autor traça dois cenários: um, que qualifica de pessimista, no qual as tendências atuais que conduzem a um sistema restrito e excludente se mantêm, e outro, que qualifica de otimista, no qual o sistema tecnológico internacional se torna mais aberto e acessível aos países de industrialização tardia. Entretanto, para que este último pudesse ocorrer, considera necessário modificar-se substancialmente as políticas governamentais e as estratégias corporativas dos países desenvolvidos, o que ele mesmo considera bastante improvável. Ao descrever o cenário pessimista, que seria melhor qualificado se o chamássemos de realista, o autor considera que, sob condições de competição oligopolística, os principais atores envolvidos no oligopólio mundial, isto é, EUA, Japão e Europa, tratarão de erigir barreiras a todo custo para impedir o ingresso de novos membros nesse clube fechado. Ele considera que os governos dos principais países membros da OCDE estão se armando com um importante arsenal de instrumentos de política para pôr em prática uma forma muito agressiva de “neomercantilismo de alta tecnologia”.
Além disso, as empresas destes países vêm desenvolvendo uma série de estratégias que visam a fortalecer seu domínio sobre o conhecimento científico e tecnológico e criar todas as barreiras possíveis para a aplicação destes conhecimentos. Poderíamos destacar pontos: o fato de os níveis de investimento para o desenvolvimento de novos produtos estarem aumentando de forma dramática, o que na prática impede o ingresso de países de industrialização tardia; grandes conglomerados industriais têm a vantagem de aproveitar as inter-relações tecnológicas mediante a transferência de conhecimento de uma atividade para outra; devido aos elevados custos da atividade de pesquisa e desenvolvimento, as empresas com grande participação no mercado terão menor custo por unidade, podendo naturalmente fazer maiores investimentos; restrição do grau de difusão tecnológica mediante estratégias agressivas de proteção do direito de propriedade intelectual e políticas de “segredo absoluto”, considerando todos os contatos externos, assim como os compradores, como um perigo para a propriedade do conhecimento.
Neste particular, é bastante ilustrativa a pressão que os laboratórios farmacêuticos americanos vêm fazendo através do governo americano junto ao Brasil para a aprovação da Lei das Patentes.
É provável, portanto, que o sistema tecnológico internacional se torne mais fechado e menos acessível aos países em desenvolvimento do que ele é hoje. Como constata Ernst: “Desde o começo da década de 1980, os principais indicadores do fluxo internacional de tecnologia – os investimentos estrangeiros diretos, a importação de bens de capital, os pagamentos de licenças e Know-how, além da assistência técnica oficial – mostram uma diminuição sem precedentes nos fluxos de tecnologia em direção aos países em desenvolvimento”.
Concluindo, podemos afirmar que, sendo a tecnologia o fator mais importante desse processo de reestruturação industrial dos países desenvolvidos, e dada as dificuldades crescentes de acesso a ela por parte dos países em desenvolvimento, como vimos acima, é enganosa a ideia de que a simples abertura das economias latino-americanas à atuação do capital estrangeiro seja suficiente para garantirmos o nosso acesso a patamares tecnológicos mais elevados. O processo de reestruturação industrial dos países latino-americanos só poderá ser obtido através de estratégias que tenham como centro um esforço próprio de desenvolvimento tecnológico, dado que, sendo a principal moeda de troca do atual comércio internacional, seu acesso tornar-se-á, como vimos, cada vez mais difícil.
Finalmente, seria oportuno lembrar as palavras de Anibal Pinto sobre a questão do papel do Estado nesse processo: “Seria recair em ilusões do passado supor e agir como se a renovação tecnológica vá ser fruto principal ou exclusivo das forças espontâneas do mercado e da iniciativa privada. Se tais meios podem ter sido decisivos em alguns países pioneiros, eles, como bem se sabe, têm sido bem complementados – especialmente nos late comers – por políticas e instrumentos públicos do mais variado caráter, que chegam a seu cume no nível educacional e científico”.