ESPAÇO PÚBLICO: NATUREZA,
CIDADE E CONSUMO
A relação alienada entre sociedade e natureza
reforça uma visão de que o espaço urbano se reproduz por si só e não como um
produto da construção humana.
É lógico que não existe solução para todos os
problemas das grandes cidades.
E a tendência é que cada vez mais a população passe
a se concentrar nas cidades e em países de baixo desenvolvimento humano.
As
metrópoles globais (São Paulo, Rio de Janeiro, Tóquio, Madri, Paris) são
centros de poder, de coordenação e de decisão financeira de grandes
corporações.
Nessas
cidades predomina intenso consumo de bens e serviços estimulado pelos veículos
de comunicação, no entanto existe uma diferenciação do padrão de consumo devido
as desigualdades sociais.
Eduardo Meira Alva afirma que: “A expansão dessa
cultura, estimulada pelos modernos meios de comunicação social, está
transformando as culturas locais e ampliando a brecha entre a cidade real e a
cidade legal. Enquanto os segmentos privilegiados da cidade legal consomem os
bens e serviços que se identificam com esse modelo, outros setores periféricos
da cidade real não tem acesso a tais bens e serviços de forma proporcional ao
estímulo que recebem”.
Guardadas as diferenças de urbanização nas escalas
local e regional, podemos afirmar que a partir da década de 1970, a população
brasileira vem passando por um intenso processo de industrialização e
urbanização devido à descentralização industrial e da expansão das fronteiras
agropecuárias. Esse processo de urbanização ocorre de forma rápida sem
infraestrutura e plano diretor.
O fato das áreas urbanas estarem aumentando
rapidamente ocasiona impactos socioambientais muito significativos dentre os
quais podemos citar a produção de resíduos úmidos e secos em grandes
quantidades sem destino correto.
Uma parte importante das transformações industriais
ocorridas depois da Segunda Guerra estão relacionadas ao modelo de produção e
consumo dos EUA. “o consumo é verdadeiro ópio, cujos templos modernos são os
shopping centers e os supermercados”. (Milton Santos)
COMO LIDAMOS COM OS
RESÍDUOS PRODUZIDOS?
Em
alguns países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico, OCDE, criada para discutir políticas econômicas e sociais dos 29
países mais ricos do mundo, em 1961, a composição percentual mostra uma intensa
utilização de papel, plástico e papelão, compondo quase cerca de 50% dos
resíduos domésticos.
O desenvolvimento tecnológico da indústria
petroquímica estimulou o desenvolvimento de inúmeros materiais plásticos,
utilizados para a fabricação de embalagens, produtos descartáveis de difícil
decomposição.
O desenvolvimento tecnológico da indústria
petroquímica estimulou o desenvolvimento de inúmeros materiais plásticos,
utilizados para a fabricação de embalagens, produtos descartáveis de difícil
decomposição.
No Brasil já é possível observar uma mudança
significativa do padrão de consumo e consequentemente da produção de resíduos.
É fato que ainda encontramos grande quantidade de
resíduos úmidos no lixo brasileiro, o que indica a desigualdade econômica e a
exclusão social existente no país.
Essa desigualdade ocorre também em escala global:
- Um morador de classe média dos EUA consome 300 kg
de papel/ano.
- Um indiano, 4 kg/ano
- Em 20 países na África, menos de 1 kg/ano.
É improvável e insustentável que toda a população se
torne uma sociedade de consumo.
Caso isso venha a ocorrer, haverá um grande colapso
na Terra, pois precisaríamos de mais 3 Terras para sustentar o nível de
consumo.
A
quantidade de matéria-prima utilizada para a fabricação de bens duráveis tem
aumentado consideravelmente nas últimas décadas.
Em
1960, foram transportados 36 milhões de toneladas de petróleo.
Em
1990, 1,19 bilhão de toneladas, o mesmo aumento ocorreu com o carvão e com o
minério de ferro. O resultado tem sido grande impacto ambiental.
Os
países ricos não sabem como lidar com tanto lixo e o exportam para países
subdesenvolvidos.
No
Brasil são muitos os problemas referentes à produção de resíduos. Eles têm
promovido grandes discussões com relação ao destino inadequado como queima,
depósito próximo a rios, lagoas, etc. e também a contaminação e assoreamento de
corpos hídricos, mau cheiro, etc.
Ocorre
grande insuficiência na coleta do lixo. Em muitos municípios o lixo é recolhido
e depositado a céu aberto sem nenhum tipo de tratamento. São poucos os casos de
municípios que destinam seu lixo a um aterro sanitário onde o terreno é
impermeabilizado, o chorume, o metano e o dióxido de carbono são tratados.
O
problema referente ao aterro sanitário se dá pela dificuldade em encontrar um
espaço com características naturais que possibilitem a sua construção como não
estar sobre lençol freático, nem próximo a bairros.
No
Brasil, dos 5 670 municípios, somente 1 814 coletam 100% do lixo produzido.
20%
do lixo é jogado em rios e lagos.
73% é enterrado.
3% é transformado em adubo.
4%
é reciclado.
VIDAS URBANAS, UM RESGATE
DA EMANCIPAÇÃO SOCIAL
O
surgimento dos catadores de lixo foi um ganho para sociedade como um todo. Eles
recolhem o lixo que pode ser reaproveitado por meio da reciclagem e deixam de
fazer parte do grupo de pessoas que não têm como sustentar suas famílias, no
entanto, isso não resolve o problema.
-
ficamos mais tranquilos em continuar consumindo já que podemos reciclar, mas há
um limite para a reciclagem, um dia vai virar lixo;
-
a reciclagem precisa de energia para mover as indústrias.
É
lógico que com a reciclagem economiza-se muita matéria-prima, mas o mais importante
é fazer uso dos 3Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
ESPAÇO PÚBLICO E PRIVADO
Vivemos num mundo cada vez mais individualista que
preserva o espaço privado. As pessoas estão perdendo a noção de
territorialidade (hábitos, tradições, costumes, identidade, soberania).
Historicamente, surge uma diferenciação básica entre
público e privado que nos faz pensar que o privado é mais importante que o
público.
Se não há fronteiras para o capital, por que haveria
para nossas ações?
Assim, há grande dificuldade em entender o espaço
público como bem comum onde todos têm responsabilidades para a sua preservação
e manutenção.
Os espaços urbanos são espaços públicos, são
construções humanas e, por isso mesmo, é preciso colocar-nos como agentes
fundamentais na transformação de práticas e atitudes que possam repensar a
conservação do ambiente urbano: pensar primeiro local, para depois pensar
global.
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