3º ANO:
http://www.youtube.com/watch?v=bFT4goWDAMg&feature=related
sábado, 17 de novembro de 2012
NORDESTE
3º ANO: ASSISTAM OS VÍDEOS ABAIXO
- Sobre projeto de irrigação no Nordeste:
- Sobre processo de desertificação:
- Sobre a transposição do Rio São Francisco:
- Resistência popular à transposição:
ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
ATENÇÃO: 3º ANO
ASSISTAM OS SEGUINTES VÍDEOS:
http://www.youtube.com/watch?v=cw5E3fvIFPs
http://www.youtube.com/watch?v=zhqBXvBcBMQ&feature=related
ASSISTAM OS SEGUINTES VÍDEOS:
http://www.youtube.com/watch?v=cw5E3fvIFPs
http://www.youtube.com/watch?v=zhqBXvBcBMQ&feature=related
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
EXERCÍCIOS - CORREÇÃO
EXERCÍCIOS DE REVISÃO
– GEOGRAFIA – 3º TRIMESTRE – 2012
I. OBSERVA A FOTO E RESPONDE:
1. Na foto, podemos observar os
efeitos de um terremoto. Como esses movimentos podem ocorrer?
PODEM OCORRER EM FUNÇÃO DO
MOVIMENTO CONVERGENTE DAS PLACAS TECTÔNICAS.
II. MARCA A RESPOSTA
CORRETA COM X:
1. Com relação às principais
áreas sísmicas da Terra, podemos afirmar que:
(
) possuem relevo de altitudes baixas sem
relação com as placas tectônicas.
( ) apresentam baixas altitudes, visto que
são dobramentos formados pelo afastamento de placas tectônicas.
( X ) coincidem com os dobramentos modernos
sujeitos ao vulcanismo ativo e intensos terremotos em áreas de contato entre
placas tectônicas.
2. A principal prova ou argumento a
favor da Deriva Continental é:
( ) a
existência de cangurus na Austrália e não nos restantes continentes do globo.
( X ) a
morfologia dos contornos dos continentes que indicia que estes já estiveram
juntos.
( ) a existência de montanhas em diferentes
continentes.
3. As placas tectônicas são constituídas, principalmente:
( ) pelo núcleo terrestre e parte superior do
manto.
( ) pelo manto e parte superior da astenosfera.
( X ) por crosta terrestre oceânica e continental.
4. O que permite o deslocamento das
placas tectônicas:
( ) é a existência de terremotos.
( X ) é a
existência do manto composto por minerais em estado pastoso elevado a
altíssimas temperaturas.
( ) é a existência de placas rígidas de
litosfera.
III.
ASSINALA COM X A OPÇÃO QUE
CONTÉM A AFIRMATIVA CORRETA:
1. A
estrutura geológica, os tipos de rochas e de solos e a morfologia do relevo
devem ser levados em conta na organização do espaço, pois estão relacionados
com a (o):
I -
ocorrência ou não de fenômenos como o vulcanismo e terremotos.
II -
ocupação e distribuição geográfica da população.
III -
traçado e implantação de rodovias e ferrovias.
( ) apenas I. (
)
apenas II e III. ( ) apenas I e III. ( )
apenas II. ( X ) todas.
IV.
ANALISA O MAPA A SEGUIR QUE DESTACA A INTENSA ATIVIDADE DOS TERREMOTOS E MARCA
COM X A RESPOSTA CORRETA:
1.
A distribuição espacial dos terremotos apresentada no mapa coincide com:
( )
áreas de expansão do assoalho oceânico.
( ) dorsais oceânicas.
( )
limites divergentes (afastamento) (← →) de placas tectônicas.
( X ) zonas de
colisão (choque) ( → ←) de placas tectônicas.
V.
COLOCA (C) PARA AS ALTERNATIVAS CORRETAS E (E) PARA AS ALTERNATIVAS ERRADAS,
CORRIGINDO AS ALTERNATIVAS ERRADAS:
1. ( E ) O núcleo é a camada intermediária do nosso
planeta.
2. ( C ) O manto é formado por um material quente e
pastoso chamado magma.
3. ( E ) As três camadas da Terra são: solo, subsolo
e rocha base.
4. ( C ) As rochas são formadas pelos minerais que
compõem a litosfera.
5. ( E ) As lavas expelidas pelos vulcões são magma solidificado.
VI. RESPONDE:
1. Por que o Brasil não apresenta vulcanismo e
terremotos intensos na atualidade?
PORQUE O BRASIL ESTÁ NO CENTRO DE UMA PLACA
TECTÔNICA.
2. Como se chama a placa tectônica sobre a qual
nosso país está situado?
PLACA SUL-AMERICANA.
3. O que é Deriva Continental?
É A TEORIA QUE EXPLICA A MOVIMENTAÇÃO DAS
PLACAS TECTÔNICAS SOBRE O MANTO TERRESTRE.
4. O que é corrente de convecção?
É O MOVIMENTO DE SUBIDA E DESCIDA DO
MAGMA NO MANTO QUE PROVOCA A FRAGMENTAÇÃO DA CROSTA TERRESTRE EM PLACAS
TECTÕNICAS.
VII.
OBSERVA A FOTO ABAIXO E RESPONDE:
1.
O que é e como ocorre o fenômeno observado na foto?
O FENÔMENO É UM TSUNAMI.
ELE OCORRE DEVIDO A CONVERGÊNCIA DE PLACAS TECTÔNICAS OCEÂNICAS.
VIII. NO TEXTO ABAIXO, COMPLETA OS ESPAÇOS EM
BRANCO:
A
Teoria da Deriva Continental foi publicada, em 1912, pelo geólogo e meteorologista alemão ALFRED WEGENER. De acordo com esta teoria há cerca
de 250 milhões de anos, todos os continentes se encontravam interligados,
juntos, formando um único bloco de terras emersas (continente), denominado PANGÉIA, o qual era circundado por um único oceano chamado PANTALASSA (“Mar Total”). A primeira fragmentação
desse único continente deu origem a dois grandes continentes: LAURÁSIA, que compreendia as terras da atual América
do Norte, Europa e Ásia (exceto a Índia), no hemisfério Norte e GONDWANA, que incluía as terras da América do Sul,
África, Austrália, Antártida e a Índia, no hemisfério Sul.
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Exclusão
e Latifúndio: A Historia Fundiária Brasileira.
UMA
HISTÓRIA PARA A PROPRIEDADE FUNDIÁRIA NO BRASIL
Com
absoluta certeza a história do Brasil foi notoriamente marcada por uma
estrutura fundiária baseada pelo latifúndio, pela rapina, e pela exclusão. A
propriedade sempre foi motivo de disputas e como um principal fator para a
existência de uma grande segregação social no país. Enfim, a estrutura agrária
brasileira está profundamente ligada a uma aristocracia desde os primórdios da
colonização. A terra foi distribuída de uma forma que, o surgimento de
problemas sociais proveniente disso seria, com absoluta certeza, uma
consequência notável, haja vista que, tal distribuição fundiária gerou consigo
um grande processo de exclusão e uma abismal separação entre as camadas
sociais. É essa propriedade agrária brasileira, que desde os remotos tempos da
colonização, passou a se concentrar em torno da propriedade privada. Aumentando
cada vez mais a dificuldade em se ter um pedaço de terra para dela desenvolver
um trabalho. Uma vez que, a posse dessa terra era algo completamente ligado ao
próprio status social que algum indivíduo pertencera. Nesse contexto pertencer
às elites dominantes seria uma qualidade fundamental para a obtenção de uma
propriedade no Brasil. Dentro dessa perspectiva, o debate a cerca da
propriedade agrária no Brasil sempre foi um assunto gerador de inúmeras
polêmicas, uma vez que, esta estrutura agrária implementada desde o período
colonial, sempre obedeceu aos interesses da elite governante. E foi dessa
maneira que a empresa agrícola implantada durante os primeiros anos de
colonização, alicerçada no latifúndio e na exploração do trabalho, exerceu
notável influencia na organização da sociedade, servindo como um potencial
elemento motivador das desigualdades sociais dentro do espaço agrário
brasileiro.
1. AS
ORIGENS HISTÓRICAS DO LATIFÚNDIO BRASILEIRO
Os
primeiros anos de efetiva colonização portuguesa na América, acarretou na
organização das terras brasileiras de acordo com os interesses na produção e a
comercialização do açúcar, implantando assim o sistema das Capitanias
Hereditárias e posteriormente a instalação dos primeiros engenhos. Visto que
essa forma de geração de lucros por meio da monocultura se efetivou como uma
economia bastante rentável para a coroa portuguesa, os engenhos, passaram a ser
o núcleo principal da formação econômica dos tempos coloniais. A construção
dessas unidades produtivas necessitavam de um notório investimento na
infraestrutura das instalações para a produção do açúcar. Ou seja, a grande
lavoura era uma condição fundamental para se consolidar um investimento real na
cultura da cana-de-açúcar. Segundo Caio Prado Júnior (1993): A cultura
da cana somente se prestava, economicamente, as grandes plantações. Já para
desbravar convenientemente o terreno (tarefa custosa neste meio tropical e
virgem tão hostil ao homem) tornava-se necessário o esforço reunido de muitos
trabalhadores; não era empresa para pequenos proprietários isolados. Isto
feito, a plantação, a colheita e o transporte do produto até os engenhos onde
se preparava o açúcar, só se tornava rendoso quando realizado em grandes
volumes. Nestas condições, o pequeno produtor não podia subsistir (p. 36). Diante
de tal contexto, a instalação desses engenhos representou de fato, a formação
das primeiras propriedade de terra no Brasil, e assim, o latifúndio foi se
cristalizando cada vez mais na conjuntura econômica brasileira. Além disso,
dentro da própria conjuntura da monocultura da cana-de-açúcar, é valido
ressaltar que a existência de relações sociais marcadas por um teor patriarcal
e autoritário passa a ser um predicado inerente a figura da aristocracia rural
brasileira. Essas características de fato é algo de singular relevância para um
maior entendimento do presente estudo. É o engenho, ou segundo Caio Prado
Junior, "propriedade canavieira" o elemento fundamental para chegarmos
a um entendimento sobre a formação fundiária no Brasil. Uma vez que, todas as
estruturas investidas naquela grande extensão territorial, como a casa grande,
senzala, moenda, casa de purgar, além de estrebarias e áreas de pastagens,
representavam de forma clara, que os meios de produções estavam nas mãos de uma
elite aristocrática. O engenho, de fato, representava o centro da vida
econômica e social. Baseado em uma grande extensão de terras e de produção
autônoma, produziam praticamente tudo o que consumiam. No período compreendido
entre o século XVI e início do século XVII, os engenhos brasileiros foram os
que mais produziam o açúcar do mundo. A sociedade açucareira era aristocrata,
patriarcal, rural, escravista e principalmente marcada por um notório
imobilismo social. A autoridade do senhor de engenho fazia-se presente junto à
sua família, aos empregados, aos escravos e até às vilas próximas à sua
propriedade. Além disso, eram os senhores de engenhos que controlavam as
câmaras municipais e a vida política local. Nesse sentido essa sociedade foi
estruturada em um rigoroso sistema de classes, apresentando como classes
dominantes: uma aristocracia rural, comerciantes e uma nobreza burocrática
ligada ao governo português, essas camadas sociais detinham em suas mãos, todo
o poder político e econômico da colônia. E na base da pirâmide social da
colônia, temos um numeroso contingente de escravos de origem africana em sua
maioria, que representavam literalmente a mão de obra ativa desse período.
Diante disso, o mandonismo é tido como um traço marcante, no que se refere às
relações sociais inseridas nesses espaços. E esses fatores influenciaram
notoriamente a formação social do Brasil. A figura do senhor de engenho vai se
configurar como uma influencia marcante na configuração de uma sociedade
elitista, autoritária e com grandes desigualdades sociais. Nesse contexto,
temos uma relação direta entre a vida dentro dos engenhos e o processo de formação
da sociedade colonial. "A Grande Propriedade Açucareira é um verdadeiro
mundo em miniatura em que se concentra e resume toda de uma pequena parcela da
humanidade" (PRADO JUNIOR, 1993, p. 38). O objetivo que se pretende chegar
com o presente raciocínio é reflexão sobre a influência que a monocultura da
cana-de-açúcar teve na consolidação da grande extensão de terras dentro do
território brasileiro e a existência de uma aristocracia agrária detentora das
forças produtivas, desde o século XVI. Uma vez que, sem grandes concentrações
de capital, as terras praticamente não tinham valia econômica (FURTADO, 1997).
Ou seja, era preciso um grande investimento para o surgimento desses engenhos,
investimentos esses que somente tinham validade se por meio da grande extensão
de terra. Segundo João Pedro Stédile: Ao longo do período colonial e
até as primeiras décadas do império, esse sistema permaneceu: a terra era um
bem da coroa, que concedia a posse àqueles que considerassem merecedores dela.
Com o tempo e o aumento da população e, principalmente, depois da instalação da
Corte portuguesa no Brasil, em 1808, a extensão das terras concedidas foram
diminuindo, mas mantinham-se, ainda as proporções gigantescas, se levarmos em
conta os parâmetros atuais de propriedade de terra. Em geral, os limites da
propriedade eram definidos obedecendo-se apenas a acidentes geográficos,
usando-se a légua como medida básica. (1997, p.09). Como podemos
avaliar, a questão fundiária é um traço de grande relevância, quando se
pretende analisar as causas primeiras das lutas do campesinato brasileiro. Uma
vez que, é dentro da distribuição de terras no Brasil que se encontra grande
parte dos problemas, não só, ligados aos camponeses ou trabalhadores rurais,
mas também a problemáticas sociais do próprio país.
2. A
GRANDE PROPRIEDADE E O IMPÉRIO BRASILEIRO
Se
o modelo de grande concentração de terras, ligados a monocultura da
cana-de-açúcar foi de fato um traço marcante no período colonial. Séculos
depois, mesmo após o processo de independência do Brasil, ainda constatamos a
predominância de mecanismos que ainda mantém o status quo, e consequentemente a
manutenção de tais desigualdades sociais. E o melhor exemplo desse fato, é a
criação da primeira lei brasileira sobre a questão fundiária. Conhecida como a
Lei de Terras no período outorgada no período imperial. Visando promover um
ordenamento jurídico na propriedade agrária, foi criada a Lei Imperial n. 12,
de 18 de setembro de 1850, conhecida como Lei de Terras e teve a sua posterior
regulamentação em 1854. A propriedade que não estava registrada em cartório era
considerada devolutas e pertenceriam exclusivamente ao Estado brasileiro,
chegando até mesmo a condenar qualquer forma de invasão ou ocupação clandestina
dessas terras, prevendo sansões como multa e prisão. De acordo com a lei, eram
consideradas devolutas as terras que não fossem aplicadas a utilização pública
nacional, provincial ou municipal. Como também, as que não se configurarem como
propriedades particulares reconhecidas por títulos cartoriais, até mesmo as
sesmarias ou concessões do Governo Geral ou provincial ou as posses de efetivo
desenvolvimento de cultura e moradia do posseiro que fora regularizada pela
própria lei. O fato é que, tendo em vista, o contexto histórico e econômico do
capitalismo industrial no mundo, essa realidade chega ao Brasil e a Lei de
Terras, almeja organizar a propriedade privada brasileira por meio de
regulamentações diferentes das utilizadas no período colonial, onde as
concessões de utilização da propriedade agrária vinha das ordens da figura do
rei. Houve uma necessidade de adequar a propriedade fundiária ao expansionismo
capitalista, uma vez que, havendo a definição somente de terras públicas,
particulares e devolutas, essas últimas, poderiam ser vendidas a particulares a
qualquer momento. Fato esse que está claro no Artigo 1º da referida lei que
determina a proibição de aquisições de terras devolutas no Brasil, por outro
titulo que não seja o de compra. Consequentemente, vamos identificar uma
exclusão direta sobre uma camada de famílias camponesas, haja vista, a
exigência feita pelo governo imperial para a obtenção de uma propriedade da
terra ser exclusivamente por meio da compra. Essa única forma de se ter acesso
legalizado a terra, com absoluta certeza, se configura também como um grande
mecanismo de exclusão social à propriedade agrícola. Sabe-se que a atenção
principal do presente estudo não é uma abordagem técnica e historicista sobre a
Lei de Terras, mas, devido a relevância da temática principal abordada na
pesquisa, tal análise, contribui bastante para uma maior reflexão sobre a
questão agrária presente na história do Brasil, tendo como a referida lei como
uma mantenedora da histórica realidade latifundiária e exclusivista brasileira.
João Pedro Stédile refere-se à Lei de Terras: Essa Lei discriminou os
pobres e impediu que os escravos libertos se tornassem proprietários, pois nem
uns nem outros possuíam recursos para adquirir parcelas de terra da Coroa ou
para legalizar as que possuíam. Por essa razão, após a libertação dos escravos,
a maior parte deles optou por migrar para cidades como Rio de Janeiro, Salvador
e Recife, em vez de permanecer nas fazendas ou nas pequenas vilas do interior.
Uma vez nas cidades, sem opção de moradia e de trabalho, formaram vilas
paupérrimas, sobrevivendo à custa do subemprego ou da mendicância (1997, p.
11). A consequência social dessa lei foi a maior consolidação do
latifúndio como estrutura básica da distribuição de terras no Brasil. Aqueles
que tinham recebido as sesmarias regularizaram suas posses e transformaram-nas
em propriedade privada, assegurando, assim, o domínio da principal riqueza do
país: suas terras.
3.
MODERNIZAÇÃO
E EXCLUSÃO EM TERRAS BRASILEIRAS
Ao
prosseguirmos sobre esse breve estudo sobre a realidade fundiária brasileira,
chegamos ao século XX, partindo de uma leitura baseada no momento de efetiva
modernização capitalista dentro das áreas rurais brasileiras. Pois bem, no
debate sobre a propriedade rural nesse período encontramos um notável paradoxo
social devido ao modelo de produção modernizada por meio da penetração do
capital na agricultura, conduzindo inexoravelmente á separação do produtor
direto da terra e dos frutos de seu trabalho. (AZEVÊDO, 1982, p.19). Pois bem,
ao haver essa modernização na produção agrícola, a acumulação do capital será um
fator predominante no processo de expropriação das terras, devido ao surgimento
das grandes usinas. Modificando principalmente as relações de trabalho e
fazendo surgir uma camada de trabalhadores assalariados e com isso, acarretando
em uma "marginalização" desses trabalhadores, uma vez que, ao haver
essas mudanças, as terras que antes os camponeses utilizavam para o sustento de
suas famílias, foram sendo confiscadas pelos donos dos engenhos devido à busca
pelo aumento da produção agrária. É válido prestarmos uma atenção maior a uma
existente modificação de status social. O camponês se torna um trabalhador
assalariado (característica tipicamente do capitalismo), a sua subsistência
será concretizada, não pelo seu trabalho direto em pequenas propriedades arrendadas
a eles, mas agora pela sua força de trabalho desenvolvida em troca de uma
remuneração salarial. A partir daí, a ideologia política presente nas áreas
rurais, passa por uma releitura e por uma nova análise, pois os trabalhadores
rurais empregados em engenhos fornecedores de cana-de-açúcar ou em propriedades
ligadas a usinas, por geralmente não ter sido contemplado com nenhum direito
trabalhista assegurado, terá como principal luta política, a criação de um
corpo de leis trabalhistas, silenciando a luta maior, o acesso a terra. Nesse
momento passa a existir duas categorias: a primeira consiste nos trabalhadores
rurais assalariados que se encontram diretamente ligado as relações de trabalho
capitalista e uma segunda classe de camponeses que, segundo VENDRAMINI (2008)
"está submetida indiretamente ao capital, formalmente preserva a sua
autonomia e aparenta trabalhar para si mesmo, mas na realidade depende do
capital financeiro, comercial e industrial". Logo, essas duas classes
distintas, apesar de estarem no mesmo bojo das classes exploradas pelo capital,
manifestam nas suas intenções políticas com finalidades diferentes. Ficando
claro as modificações ocorridas nas relações de trabalho, enfraquecendo assim,
o movimento camponês. É válido ressaltar que a modernização na produção
agrícola ligada ao processo usineiro seguia o método denominado de "Via
Prussiana" no qual, segundo Lênin, "o capital penetra no campo
mantendo a grande propriedade agrária e o monopólio da terra, a partir de onde
promove a modernização agrária e as transformações das relações sociais
atrasadas e arcaicas" (apud AZEVÊDO, p. 21). É nesse modelo prussiano que
vai haver uma aliança entre os latifundiários do Nordeste brasileiro junto a
uma burguesia industrial (usineiros), que com as suas novas técnicas de
produção, vão "invadir" a produção agrícola e provocar as mudanças
nas relações de trabalho das áreas rurais, ou seja, a transformação de
camponeses em trabalhadores rurais assalariados. Mudanças essas que são
marcadas profundamente pela manutenção da exclusão política do campesinato. Em
outras palavras, atribui a esse modelo de desenvolvimento uma modificação na
forma de se produzir, sem eliminar o mandonismo coronelista, mantendo, assim
vários aspectos da política local. E nessa conjuntura, podemos identificar
nesse momento, uma modernização produtiva, mantendo as formas de exploração do
trabalho, não havendo assim, nenhuma modificação concreta na representação do
patronato das regiões agrárias, prevalecendo ainda a antiga representação do
autoritário senhor de engenho. A região nordeste é um retrato fiel de tal
realidade, que de maneira clara mantém notória desigualdade social. A
manutenção de uma relação baseada no mandonismo local é uma herança histórica
presente nas áreas rurais brasileiras e nem mesmo a modernização da produção
dentro dessas regiões conseguiu modificar essa realidade. Pelo contrário, com
uma maior complexidade dentro das relações de trabalho no campo, haja vista, a
presença de novas formas de trabalho, com o surgimento do assalariado rural,
dificultou o acesso das famílias camponesas à terra e a liberdade. Assim, os
antigos engenhos "banguês" aos poucos eram substituídos pela
modernização das usinas e se tornando os assim denominados de engenhos de
"fogo morto", ou seja, propriedades fornecedoras de cana-de-açúcar
para as grandes usinas que representavam diretamente todo esse desenvolvimento
agrário industrial. Ora sabe-se que as relações de trabalho no Nordeste estavam
totalmente restritas a conjuntura latifundiária local, foi nessa ocasião que
mesmo tendo consideráveis modernizações, havia um "pacto agrário" que
mantinha a famosa "paz agrária", ou seja, a manutenção sobre às
formas de exploração e de exclusão política para os camponeses e camadas populares.
Tendo em vista, essas modificações, a exploração do campesinato tende a
aumentar cada vez mais, uma vez que, agora a verticalização do poder local não
está somente restrito aos "barões de açúcar" (esses por sua vez,
ainda mantinha a sua influencia sobre as vidas camponesas), mas também a uma
burguesia industrial que tratara de expandir o trabalho assalariado por toda
área rural. Nessa conjuntura, os desmandos e a exploração ao trabalhador
transformam o espaço agrário brasileiro em um "barril de pólvoras" prestes
a explodir, por meio de uma reação camponesa devido a constante expropriação de
terras, motivadas pela necessidade de expansão das lavouras de cana-de-açúcar
para que ocorresse um aumento no fornecimento de matéria-prima para as usinas
produtoras. Esse processo foi concretizado de uma forma bastante clara,
tornando o trabalhador rural como uma mercadoria exclusiva para a serventia ao
capital. Formando assim uma ótica industrial dentro da própria lavoura. A
partir desse momento, o trabalhador rural será diretamente separado da própria
produção e dos instrumentos de trabalho. Havendo uma super exploração, paralelo
ao pagamento salarial totalmente inferior ao soldo mínimo regional. É válido
ressaltar que, os direitos trabalhistas, nessa conjuntura quase que inexistia
na concepção das mentes camponesas, uma vez que, apesar de aos poucos uma
considerável maioria de camponeses estivessem passando por profundas mudanças
no seu cotidiano, se aproximando cada vez mais do próprio proletariado urbano,
essa população rural, primeiramente, ainda não estava pronta para sofrer uma
mudança tão radical, tendo em vista a secularidade das suas antigas relações de
trabalho e produção. Sendo assim, quando o assalariado rural passa a se tornar
a classe popular mais numerosa, não vai haver um "proletário rural"
organizado e crítico aos seus direitos trabalhistas. É fato que a história do
latifúndio brasileiro vai ter no século XX um crescimento ainda maior com a
chegada das usinas nas áreas rurais, mantendo de um lado a estrutura fundiária
e ampliando ainda mais a exploração do trabalho. Podemos assim então refletir
que cabia apenas ao camponês apenas duas saídas. A primeira consistia em
simplesmente se adaptar as novas regras de uma economia de mercado no campo, se
tornando na melhor das hipóteses um trabalhador assalariado não contemplado por
direitos trabalhistas (é válido ressaltar que nesse processo de adaptação do
trabalhador as novas formas de produção regida pela burguesia industrial, foram
constatadas um grande contingente de famílias marginalizadas, devido a grande
utilização da mão de obra temporária. Assim, ser um assalariado fixo em no
latifúndio rural, mesmo sem ter algum direito trabalhista, a partir da década
de 1960 ainda era um privilégio de poucas famílias.). Como uma segunda
alternativa que seria se manifestar antagonicamente a essas mudanças na
produção capitalista que cada vez mais expropriava terras das pobres famílias
camponesas migrando para áreas urbanas, sendo vítima, também da exploração e da
exclusão social. Marlene Ribeiro, ao relatar sobre a caracterização do
campesinato brasileiro, ressalta sobre a relação entre agricultura e
industrialização, tendo em vista as mudanças nas relações de trabalho
proveniente de tal processo, surgindo assim uma heterogeneidade de sujeitos
históricos dentro das áreas rurais como: trabalhadores assalariados,
trabalhadores assalariados temporários, arrendatários, meeiros, produtores
integrados a agroindústria e produtores familiares que passam a viver com
grandes empresas agrícolas, de modo que não podemos, ao falar do camponês, ou
do trabalhador rural, ou do trabalhador da terra, ter mente uma situação
homogênea (RIBEIRO, 2010). De fato, nesse momento histórico, o meio rural irá
contar com uma pluralidade de formas e de relações de trabalhos, entretanto, a
luta pelo acesso a terra é um fator comum a todas essas novas formas de
relações de trabalho. A questão é que tais mudanças introduzidas ao campo
modificaram as bases de produção dentro das áreas rurais do Brasil, sem
modificar em nenhum momento a estrutura fundiária presente. Pelo contrário, a
história da concentração de terras aumenta cada vez mais, se consolidando como
um efetivo problema político, ressaltado até na assembleia constituinte de
1946, no que diz respeito ao conceito da utilização social da terra para
produção, defendido pelo senador Luís Carlos Prestes do PCB. A implementação
das primeiras usinas e dos engenhos centrais (propriedades pertencentes a
empresas) que compravam a produção de outros engenhos fornecedores para a
posterior produção do açúcar vai se tornar um problema social grave,
principalmente devido às expropriações (diretas e indiretas) de terras,
paralelo a exploração do trabalho, principalmente na região Nordeste. Mesmo os
preceitos constitucionais que trariam o debate sobre o uso social da terra não
vão surtir efeitos concretos para os trabalhadores rurais e para os camponeses
pobres. Ocorrendo assim, o surgimento de alguns movimentos sociais, alinhados
por ideologias ligadas as ligas camponesas, a setores da igreja católica ou a
partidos políticos, que eram os principais instrumentos de denúncia sobre os
problemas sociais presentes nas áreas rurais que historicamente se acumulavam,
devido a inexistência de uma política governamental. De certo modo, o estímulo
ao capitalismo dentro da produção agrícola, somente contribuiu para a defesa da
grande propriedade agrícola e para o entreguismo econômico brasileiro ao
capital estrangeiro. Conjuntura essa que se fortaleceu cada vez mais a partir
do golpe militar ocorrido em 31 de março de 1964, que afastou cada vez mais o
sonho de uma reforma agrária, como também silenciou os trabalhadores e
camponeses organizados. Em relação aos movimentos sociais dos camponeses e a
luta pela terra, os regimes militares introduziram a paz dos cemitérios. As
principais organizações de camponeses foram proibidas, e seus líderes, quando
não escaparam para o exílio, foram presos ou assassinados. Centenas de lideranças
camponesas foram duramente perseguidas pelos militares, latifundiários e pelas
oligarquias do campo, que passaram a atuar livremente. O debate político,
científico e acadêmico também foi silenciado com o peso dos coturnos (STÉDILE,
2002, p. 16). De acordo com o que foi relatado, podemos avaliar que mesmo com
toda uma modernização da agricultura, principalmente no século XX, não havia
nenhum interesse em modificar as relações sociais e a propriedade erguida
historicamente no país. As mudanças ocorridas serviam diretamente aos
interesses das camadas sociais mais ricas, junto as ações de empresas
multinacionais. Após o final dos regimes militares e ressurgimento dos
movimentos sociais, o debate sobre uma possível reforma agrária contrária ao
latifúndio e as desigualdades sociais nas áreas rurais passaram a ganhar um
espaço maior, entretanto, com avanços políticos bastante débeis. Uma vez que, o
saldo da propriedade de terra no Brasil ainda condiz as suas estruturas
históricas. Mesmo com a extensão continental, o território brasileiro chega no
ano de 1990 como o segundo país do mundo em nível de concentração da
propriedade da terra, segundo os índices das Nações Unidas, por meio dos seus
organismos responsáveis pela análise da agricultura e alimentação mundial.
Ainda persiste a predominância de grandes propriedades pertencentes a poucas
famílias, enquanto mais de 3 milhões de pequenos proprietários possuem menos de
10 hectares de terras. São essas oligarquias rurais que desde os tempos
coloniais controlam grande parcela dos hectares brasileiros e faz com que o
acesso a essas terras pelas famílias camponesas pobres torna-se, praticamente
uma utopia. Além da elite latifundiária, ainda encontramos a presença de grupos
econômicos e empresas estrangeiras que desde a década de 1960 investem grandes
quantias financeiras na compra de fazendas consolidando cada vez mais uma
realidade latifundiária no meio rural brasileiro. Fato esse citado por STÉDILE
(2000) como uma 'megalomania' rural entre as elites brasileiras que ainda
identificam projeção social e prestígio político com a posse de grandes áreas
de terra, mesmo que elas não sejam sua principal fonte de renda ou sequer
exploradas economicamente.
REFERÊNCIAS
ANDRADE,
Manuel Correia. Lutas Camponesas no Nordeste. 2. ed. São Paulo: Ática 1989.
AZEVÊDO,
Fernando Antônio. As Ligas Camponesas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
BRASIL. Lei nº 601, de 18 de setembro de 1850. Sítio eletrônico internet: .
Acesso em: 20 jun 2010.
FURTADO,
Celso. Formação Econômica do Brasil. 26. ed. São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 1997.
PRADO
JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. 40. ed. São Paulo: Brasiliense,
1993.
RIBEIRO,
Marlene. Movimento Camponês, trabalho e educação: liberdade, autonomia,
emancipação: princípios/fins da formação humana. São Paulo: Expressão Popular,
2010.
STÉDILE,
João Pedro. A Questão Agrária no Brasil. 10 Ed. São Paulo: Atual, 1997.
Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/exclusao-e-latifundio-a-historia-fundiaria-brasileira-undio-brasileiro/51771/#ixzz247aVUL8F
Área
de Rio Grande = 2.813,907 km2
Uma (1) légua = entre 4 e 7 km.
Módulos
Fiscais no RS
Módulo Rural é calculado para cada imóvel rural em
separado, e sua área reflete o tipo de exploração predominante no imóvel rural,
segundo sua região de localização.
Módulo
Fiscal por sua vez, é estabelecido para cada município, e procura refletir a
área mediana dos Módulos Rurais dos imóveis rurais do município.
O
módulo fiscal de cada município, expresso em hectares, será fixado pelo INCRA,
através de Instrução Especial, levando-se em conta os seguintes fatores:
a) o
tipo de exploração predominante no município;
I –
hortifrutigranjeira;
II –
cultura permanente;
III –
cultura temporária;
IV –
pecuária;
V –
florestal;
b) a
renda obtida no tipo de exploração predominante;
c)
outras explorações existentes no município que, embora não predominantes, sejam
expressivas em função da renda ou da área utilizada;
d) o
conceito de "propriedade familiar", constante do art. 4º, item II, da
lei 4504, de 30 de novembro de 1964.
§
1º. Na determinação do módulo fiscal da cada município o INCRA
aplicará metodologia, aprovada pelo Ministro da Agricultura, que considere os
fatores estabelecidos neste artigo, utilizando-se dos dados constantes do
Sistema Nacional de Cadastro Rural.
§ 2º.
O módulo fiscal fixado na forma deste artigo será revisto sempre que ocorrerem
mudanças na estrutura produtiva, utilizando-se os dados atualizados do Sistema
Nacional de Cadastro Rural.
Município
- ha
domingo, 9 de setembro de 2012
PETRÓLEO
REFLEXÕES SOBRE A DURAÇÃO DAS JAZIDAS DE PETRÓLEO EM FUNÇÃO DO
CONSUMO E DO QUE PODE SER FEITO PARA REDUZIR O
CONSUMO DE PETRÓLEO.
Fatores
que influem no custo da extração de petróleo
O
petróleo é um produto natural encontrado preenchendo vazios (poros) em alguns
tipos de rocha da terra (arenitos e carbonatos), usualmente entre 300 metros
até cerca de dez mil metros de profundidade. Pode ser encontrado em
profundidades menores e maiores que essas. Trata-se de um bem finito presente
em rochas distribuídas aleatoriamente, mas uma vez encontradas sua distribuição
e extensão pode ser prevista. O custo da extração de petróleo depende de um
número grande de fatores como os relacionados a seguir:
(1) da porosidade da rocha reservatório
em que se encontra;
(2) da dimensão da jazida (=
reservatório) que o contém e define o volume de petróleo disponível;
(3) da profundidade em que a jazida se
encontra;
(4) da dureza das rochas que são
atravessadas (durante a perfuração) até a jazida;
(5) da localização da jazida (acesso),
se no continente, se no oceano (plataforma continental); (5a) no oceano os custos da perfuração
dependem da altura da lâmina d’água (sobre o fundo do oceano), dos ventos e das
correntes oceânicas;
(6) da presença e espessura de rochas
solúveis, como o sal-gema, que aumentam as dificuldades de perfuração com a
profundidade em que se encontra, inclusive por causa do grau geotérmico;
(7) da quantidade da reserva
recuperável presente na jazida (ou reservatório) ou campo de petróleo (o
petróleo mais facilmente recuperável flui facilmente e está livre da tensão
superficial que mantém até cerca de 30% do petróleo aderido aos grãos de areia
que formam o reservatório); o petróleo retido por tensão superficial nos grãos
da rocha reservatório pode ser recuperado posteriormente por meio de injeção de
água, de gás ou de solventes.
A
combinação de mais de um desses fatores aumenta a complexidade da perfuração,
da extração e do transporte do petróleo até as refinarias e, portanto, aumenta
o investimento e o custo (e o preço) do petróleo posto na refinaria.
Embora
as reservas de petróleo sejam finitas, sua duração dependerá do preço que a
sociedade está disposta a pagar por ele. Nos últimos 40 anos o preço do barril
de petróleo (barril = 159 litros) comercializado internacionalmente variou de
cerca de US$3,00 a mais de US$140,00 e hoje está próximo de US$100,00 (06 de
setembro de 2012 – US$ 95,36). Como o custo médio de sua extração vem
crescendo, a tendência é de que seu preço se eleve gradualmente no futuro. Em
adição, convém recordar que as jazidas de petróleo têm uma distribuição
bastante aleatória no mundo.
Jazidas,
ou reservatórios, de petróleo em profundidade superior a dez mil metros são
inacessíveis porque a dez mil metros o peso próprio da coluna de hastes
metálicas das sondas de perfuração atinge um valor tal que rompe o próprio
metal. Portanto, no nível de conhecimento atual, ainda que fosse localizada
reserva de petróleo a dez mil metros ou mais de profundidade, esse petróleo
seria inacessível aos materiais conhecidos usados na construção de sondas de
perfuração. O grau geotérmico agrava esse problema, pois a dez mil metros as
temperaturas são superiores a 300º C.
Consumo
mundial de petróleo e duração das reservas
Segundo
a revista EXAME, n. 13, edição 922, de 16/07/2008, o consumo mundial de
petróleo passou de 79,2 milhões de
barris diários, em 2003, para 85,2
milhões de barris diários em 2008. Resultou assim, um aumento de 10,76%
em seis anos. Com a ampliação acelerada das necessidades de petróleo da China e
da Índia, e com o desenvolvimento dos países em geral, espera-se um aumento
ainda mais acentuado da demanda de petróleo nos próximos anos. Como o petróleo
é um bem finito, a velocidade de esgotamento em breve ultrapassará a velocidade
com que novas reservas possam ser descobertas. Como o preço da extração tende a
aumentar, junto com a pressão da demanda em crescimento, é certo que o preço do
petróleo para o consumidor venha a se elevar de modo substancial no futuro.
Essas
considerações sugerem uma reflexão sobre algumas questões, entre as quais:
a. Como
será possível reduzir a taxa de crescimento da demanda por petróleo no mundo e
que substitutos para o petróleo podem ser esperados no futuro?
b.
Em que finalidades, ou usos, o consumo de
petróleo poderá ser reduzido?
c.
Existem
tecnologias disponíveis para a substituição do petróleo?
d.
Que
tipos de combustível poderão substituir o petróleo no futuro?
e.
Que
poderemos esperar da atuação dos governos nesses assuntos?
f.
O
que está sendo feito para reduzir o consumo de petróleo e substituí-lo por
outras fontes de energia?
Foi
visto que o consumo mundial de petróleo em 2008 atingirá cerca de 31,1 bilhões de barris. Ou seja, 4.945
bilhões de litros ou praticamente 5
bilhões de metros cúbicos.
O
consumo de petróleo no Brasil atinge cerca de 2 milhões de barris/dia, ou seja
630 milhões de barris/ano (= 318 milhões de litros/dia = 116,070 milhões de
metros cúbicos/ano), isto é, dois por cento do consumo mundial. O Brasil, com
uma reserva de petróleo de 14 bilhões
de barris no primeiro semestre de 2008 terá petróleo suficiente para atender as necessidades do país
por 20 anos, ao nível atual de consumo. Considerando o consumo atual de
petróleo no mundo, se a reserva brasileira de petróleo fosse atender as
necessidades atuais do mundo todo, as reservas brasileiras durariam menos de
seis meses.
Petróleo - consumo (barris/dia)
|
||||||||||||||
Definição de Petróleo -
consumo: Este número é o total de petróleo consumido
em barris por dia. A discrepância entre a quantidade de petróleo produzido e
/ ou importados e a quantidade consumida e / ou exportada devido à omissão de
mudanças de valores, ganhos de refinaria, e outros fatores complicadores.
|
Perspectivas
de aumento das reservas brasileiras de petróleo
Na
década de 1970, os trabalhos de geologia e de geofísica feitos pela Petrobrás,
fruto de investimentos contínuos, desde 1956, em formação e treinamento de
geólogos, geofísicos e engenheiros de perfuração e produção de petróleo
localizaram, na plataforma oceânica ao largo dos municípios de Macaé e Campos,
estado do Rio de Janeiro, a primeira grande reserva de petróleo no Brasil. Esse
petróleo encontra-se sob lâmina d’água que varia de 400 a 1.500 metros após o
que se tem mais dois mil a três mil metros de profundidade na rocha até atingir
a rocha reservatório de petróleo. Esse reservatório encontra-se por baixo de
uma camada de sal, que chamamos de ‘pré-sal’.
Nessa
ocasião o centro de pesquisa tecnológica da Petrobrás – CENPES na ilha do
Fundão, RJ, em parceria com a COPPE da UFRJ, desenvolveu equipamentos que
facilitaram e viabilizaram a perfuração e extração de petróleo nas condições em
que se encontram esses reservatórios de petróleo da bacia de Macaé - Campos.
Desde
então, o trabalho de pesquisa dos geólogos e geofísicos da Petrobras prosseguiu
e passou a procurar determinar a extensão dessa formação que encerra petróleo
abaixo do pré-sal. Foi um trabalho sistemático e contínuo durante cerca de
trinta anos que permitiu afirmar que essa formação se estende sem interrupção
desde o litoral do estado do Paraná até o litoral do estado do Espírito Santo.
Essa formação pode estar a mais de 200 km da costa e o pré-sal pode estar em
profundidades superiores a 7.000 metros, como acontece em Santos, SP. A camada
de sal que precede os campos de petróleo tem cerca de 200 metros de espessura
em Macaé - Campos, mas passa para 2.000m (dois mil metros) em Santos, o que
exigirá desenvolvimentos tecnológicos para rompê-lo com baixo custo e atingir o
reservatório de petróleo que se encontra sob ela. A descoberta de petróleo em
Santos resultou de trabalho continuado dos técnicos da Petrobras durante cinquenta
anos. Nada a ver com loteria. Hoje se procura determinar a presença de
formações semelhantes de pré-sal em outras partes do Brasil, como no litoral da
Bahia, ainda que essas formações sejam descontínuas, isto é, sem ligação física
com a formação que se estende do Paraná ao Espírito Santo.
Reservas de
petróleo que podem ser esperadas no pré-sal
Os
trabalhos que permitem o cálculo da reserva de petróleo que está no pré-sal, ao
longo de seus mais de mil quilômetros do Paraná ao Espírito Santo, dependerão
de novas perfurações. Os dados geológicos e geofísicos permitem supor que
poderão atingir valores bem elevados, capazes de colocar o Brasil entre os
países com as maiores reservas de petróleo do mundo. Considerando, porém, o
caráter finito das reservas de petróleo, considerando ainda os esforços que
estão sendo feitos no mundo todo para reduzir o nível consumo de petróleo,
poderia ser desejável programar a extração de petróleo do pré-sal para atender
as necessidades do país (abastecimento próprio e incremento do comércio
exterior) e atração de capitais para investimentos novos, seja na área do
petróleo como em indústrias relacionadas com alta tecnologia.
Algumas
conclusões para reflexão
Se a
reserva de 14 bilhões de barris destinarem-se somente ao abastecimento do
mercado brasileiro, ela levaria cerca de trinta (30) anos para se esgotar, no
nível de consumo atual de petróleo+etanol do país.
Como
a velocidade de novas descobertas de grandes campos de petróleo, para compensar
o consumo, está cada vez mais baixa, e como a demanda vem aumentando, o
abastecimento tende à escassez. Assim, há necessariamente um prazo limite para
a duração das reservas de petróleo em escala mundial, em condições de extração
econômica, admitido o preço de mercado na faixa US$100 a US$200 por barril.
Desse modo, conclui-se pela necessidade de intensificar as pesquisas de novas
fontes de energia inclusive pesquisas para reduzir o custo de produção das
energias alternativas já em uso corrente.
A
participação de outras fontes conhecidas de energia (hidrogênio, eletricidade
fotovoltaica, biocombustíveis) representa ainda um porcentual muito diminuto
das necessidades mundiais, mas mostra uma tendência de crescimento.
E o
meio ambiente também agradece - A substituição progressiva de petróleo por
fontes alternativas de energia, como hidrogênio, eletricidade fotovoltaica,
biocombustíveis, representará um considerável ganho ambiental, com redução dos
gases que agravam o efeito estufa e que são produzidos pela queima (uso) de
combustível fóssil como o petróleo e o carvão mineral.
FONTE: Sylvio de Queirós
Mattoso. DSc,
Engenheiro de minas e metalurgista, USP.
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