terça-feira, 16 de agosto de 2011

7ª SÉRIE
MUDANÇAS SOCIOESPACIAIS NUM MUNDO GLOBALIZADO
MUDANÇAS NO ESPAÇO GEOGRÁFICO: FORMAS,FUNÇÕES, FLUXOS E MODOS DE VIDA
MEGACIDADES E CIDADES GLOBAIS: NOVAS FORMAS E FUNÇÕES URBANAS NUM MUNDO GLOBALIZADO
Algumas cidades passaram por grandes transformações num tempo relativamente curto. O processo de urbanização avançou e formaram-se cidades com mais de um milhão de habitantes.
Em 2004, aproximadamente 48% da população mundial morava em grandes aglomerações urbanas. Apesar de existirem diferentes cenários políticos, econômicos e demográficos, a previsão é de que haja um aumento dessa porcentagem. Estima-se que em 2030 poderemos ter mais de 5 bilhões de pessoas morando em grandes cidades.
Para termos uma noção mais precisa em relação ao fenômeno da expansão das grandes cidades e de sua distribuição pelos diferentes países e áreas continentais, observemos a tabela a seguir:
As principais cidades em 2003
em milhões de habitantes
Mumbai             12,3
Jacarta                         8,8
Buenos Aires   12,1
Cidade do México       8,6
Karachi              10,5
Moscou                       8,3
Manila               10,2
Lagos                           8,3
Nova Délhi        10,2
Tóquio                        8,2
São Paulo          10,1
Lima                            8,1
Seul                    9,6
Nova York                  8,0
Istambul            9,4
Cairo                           7,9
Xangai                9,0
Teerã                          7,8
Dacar                  8,9
Londres                      7,4















Muitos estudiosos e cientistas acreditam que a formação de aglomerações urbanas com elevadas densidades demográficas era um fenômeno típico e característico dos países desenvolvidos. Pelas informações apresentadas na tabela acima podemos notar que essa ideia foi superada. A partir de um estudo realizado pela ONU em 2001, verificou-se que havia grandes deslocamentos de população para as metrópoles e cidades mundiais, principalmente nos países subdesenvolvidos. Para termos uma ideia mais precisa das 21 maiores metrópoles do mundo, em 2001, 14 estavam situadas em países subdesenvolvidos. As projeções e estimativas futuras indicam uma multiplicação das grandes cidades nas áreas mais pobres do planeta, bastante diferente do cenário mundial dos anos 1950, quando apenas 100 aglomerações urbanas tinham mais de um milhão de habitantes, e a maioria situava-se em países ricos.
Para entender melhor esse processo é necessário fazermos algumas diferenciações e conhecermos alguns conceitos geográficos. Esses conceitos são: metrópole, megalópole, cidade global e megacidade.
Metrópole: é formada por um conjunto de municípios ligados a um município principal. Os municípios de uma metrópole são bastante integrados, apresentando um conjunto diversificado de relações ligadas à moradia; ao comércio; às trocas de informações; aos locais de trabalho, de estudo, de atendimento médico-hospitalar etc.
Muita gente usa o termo metrópole com o sentido de cidade grande. Vimos que o termo é usado para uma cidade que tem as seguintes características:
Ø  Expandiu-se tanto que ajuntou-se às cidades ou municípios vizinhos, ocupando regiões rurais ao redor.
Ø  Possui um centro histórico, mais antigo, e vários outros centros, áreas onde se concentram atividades de comércio, indústria ou serviços; suas periferias geralmente possuem predomínio de moradias.
Ø  Tem vários municípios, com prefeituras e funcionários próprios.
Ø  Apresenta um fluxo intenso de veículos entre esses municípios, especialmente no começo da manhã e no final da tarde.
Assim, metrópole não é apenas uma grande cidade, com mais de um milhão de habitantes, mas integrada a todo o espaço ao seu redor.
Segundo Milton Santos, as metrópoles são lugares complexos. Nelas se concentram muitos tipos de atividades. Esta multiplicidade de funções leva à concentração financeira, cultural e informacional.
Megalópole:corresponde à união e as interações de duas ou mais metrópoles. (São Paulo e Rio de Janeiro)
Principais megalópoles em 2007
em milhões de moradores
Tóquio
37,0
Mumbai
22,6
Nova Délhi
20,9
Cidade do México
20,6
São Paulo
20,0








Megacidade: em termos populacionais, correspondem às aglomerações urbanas que ultrapassam a marca de 10 milhões de habitantes.
O surgimento das megacidades é um fenômeno bastante recente e está associado à rápida urbanização mundial. Nos países subdesenvolvidos, a crescente urbanização vem ocorrendo principalmente após os anos 1950/1960.
Exemplo:
Londres (Inglaterra) levou mais de 130 anos para passar de 1 milhão a mais de 8 milhões de habitantes.
Lagos (Nigéria) em menos de 60 anos (1950 até 2004), passou de 290 mil habitantes a 8 milhões e trezentos mil, e nas estimativas para o ano de 2015, ela poderá atingir 24 milhões de habitantes.
Além das megacidades serem definidas pela quantidade habitantes, possuem outras características bem especificas:
Ø  Concentram funções complexas e seletivas, com uma rede estruturada de serviços avançados (consultorias, marketing e publicidade, gerenciamento de sistemas de informação e comunicação, centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias avançadas, entre outros);
Ø  Concentram funções produtivas e administrativas interligadas com diferentes países;
Ø  Exercem um forte controle das redes de comunicação e informação, desde a produção quanto à circulação de informações e conhecimentos;
Ø  Concentram a difusão de novas tecnologias tanto nos processo econômicos como no cotidiano de parte da população.
Ø  Concentram órgãos públicos representativos das diferentes esferas de poder (embaixadas, órgãos públicos federais, estaduais, municipais).
As áreas de influência dessas megacidades se estendem por diferentes espaços, interferindo sobre eles, articulando-os, integrando-os, formando redes que se reproduzem nas escalas geográficas nacionais, internacionais, regionais e locais. As megacidades também podem promover exclusões, formando espaços pouco articulados com o processo mais geral.
CONHECENDO MAIS SOBRE AS MEGACIDADES E CIDADES GLOBAIS
Megacidades e cidades globais são fenômenos recentes. Os fatores que as caracterizam estão relacionados: às relações e influências que exercem sobre vastas parcelas do espaço geográfico; ao conjunto de funções urbanas que desenvolvem; à elevada concentração de atividades altamente especializadas; à centralidade que exercem em relação à produção, controle, disseminação e transmissão de informações e ideias; às grandes aglomerações com intensa circulação terrestre, marítima, fluvial ou aérea.
Toronto, Londres, Nova Iorque, São Paulo, Paris, Moscou, Tóquio, Buenos Aires figuram entre algumas das principais cidades globais. O que as torna globais é a forte concentração de sedes de grupos empresariais e instituições financeiras transnacionais que atuam em muitos países. Nesses centros são tomadas decisões que interferem e afetam a vida e a organização das atividades econômicas de milhões de pessoas, num mesmo país ou em diferentes países. As cidades globais incorporam um conjunto de inovações tecnológicas das telecomunicações e da informática. Para que elas se relacionem e se integrem espacialmente é fundamental que as informações sobre os mercados de capitais e empresariais possam ser enviadas simultaneamente para várias localidades do mundo, dependendo assim, de um sistema interligado de comunicações e informações.
DIFERENTES TIPOS DE DESIGUALDADES NO ESPAÇO MUNDIAL E SEUS EFEITOS
O aumento e o crescimento das cidades na escala mundial poderia nos passar uma ideia de que as transformações técnicas e espaciais trariam como reflexo um aumento da riqueza produzida, da força e do poderio econômico das empresas e instituições nelas localizadas ou mesmo de uma situação de bem-estar social dos habitantes que nelas residem.
Existem grandes diferenciações e desigualdades, tanto em relação ao espaço interno das cidades como de um país e entre países.
Desde a década de 1980, novas transformações espaciais estão em andamento, aceleradas pela globalização. As desigualdades socioespaciais acentuaram-se e a riqueza econômica gerada mundialmente ficou ainda mais concentrada que nas épocas anteriores. Portanto, os olhares sobre as desigualdades socioespaciais e sua distribuição no espaço geográfico mundial devem ser múltiplos e abrangentes. Eles precisam resgatar valores humanos, a valorização da vida, a melhoria dos espaços de violência e a expansão da cidadania para todos.
Analisando alguns indicadores socioeconômicos, refletiremos sobre a situação atual da humanidade nas “ilhas de prosperidade” e nos “oceanos de desigualdade”.



Por meio desse estudo, podemos perceber que em muitos países e áreas continentais a situação de carência e exclusão chega a atingir níveis inaceitáveis para o exercício de uma vida digna com condições básicas satisfatórias para a sobrevivência. Nos anos 1980 e 1990, isso aconteceu em alguns países desenvolvidos e na maioria dos subdesenvolvidos. Nessa época, em grande parte da América Latina, da Ásia e da África houve um aumento do número de habitantes vivendo em situação de pobreza ou de miséria absoluta; nesse mesmo período, a renda mundial ficou ainda mais concentrada que nos períodos históricos anteriores.
Como resultado cruel do processo de globalização e das transformações socioespaciais a ele associadas, estamos vivenciando um intenso processo de exclusão social. Para uma parcela crescente da população mundial, a vida urbana passou a estar associada ao desemprego, à falta de oportunidade para estudar e se desenvolver plenamente, à expansão de bairros e moradias em situação bastante precária, à favelização, à expansão de cortiços, à formação de guetos. Se retornarmos a idéia de “ilhas” e “oceanos” irá prevalecer, de acordo com alguns urbanistas, problemas sociais, econômicos, políticos e também urbanos dos países subdesenvolvidos e dos países emergentes, chegarão aos países desenvolvidos, de diferentes formas: violência, intolerância, imigrações, entre outras. 

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