quarta-feira, 12 de outubro de 2011

MUITAS INDÚSTRIAS, PORÉM, CONCENTRADAS - SUDESTE E SUL - 6ª SÉRIE

MUITAS INDÚSTRIAS, PORÉM, CONCENTRADAS
As indústrias de bens de produção ou indústrias de base, de consumo duráveis e não duráveis foram instaladas onde a economia se apresentava mais desenvolvida em relação à disponibilidade de mão-de-obra, aos recursos financeiros, à rede e à infra-estrutura de transportes, à produção e distribuição de energia elétrica.
O surgimento de indústrias de base nos anos 1940 criou condições para a instalação das indústrias de máquinas, ferramentas, automóveis, eletrodomésticos, trens, caminhões etc.
A principal indústria de base foi a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), produtora de chapas, vigas e barras de aço, localizada em Volta Redonda, Rio de Janeiro. Essa área foi escolhida porque ficava entre os principais centros consumidores, São Paulo e Rio de Janeiro, e porque fica próxima a zona de extração de minérios de ferro e manganês do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais. Além disso, fica próxima a hidroelétrica em Além-Paraíba, facilidade de entrada do carvão mineral de Santa Catarina através do porto do Rio de Janeiro, bem como a ligação ferroviária com São Paulo e Rio de Janeiro.
A região Sudeste possui a maior concentração industrial, seguida pela região Sul → mão-de-obra numerosa, oferta de energia elétrica e de transportes modernos, sistemas de comunicação rápidos, um setor de serviços diversificado, de um mercado de consumo forte e de interligação com os mercados mundiais, através de portos marítimos e aeroportos, fizeram com que a localização dessas indústrias fosse extremamente dependentes das economias urbanas.
O Sudeste brasileiro, na época da implantação de grandes empreendimentos industriais, possuía uma economia já bastante diversificada e dinâmica, capitais financeiros e investimentos nacionais e estrangeiros, o que atraía novos empreendimentos.
Nesse processo de crescimento de indústrias, também podemos perceber a participação da Região Sul com agroindústrias e centros-fabris ligados à metalurgia, tecelagem e fiação. Essas indústrias favoreceram a integração da economia das regiões Sul e Sudeste.
A formação de um centro econômico industrial e dinâmico no Sudeste e sua propagação e direcionamento para outras regiões do país resultaram na criação de novos pólos, com a transferência de capitais, empresas e indústrias para outras cidades, estados e regiões do Brasil a partir dos anos 1980. Nas duas últimas décadas, foram feitos investimentos e criadas indústrias no interior do Estado de São Paulo e em outras áreas do país.
Apesar de a atividade industrial estar descentralizando-se e expandindo-se para outras áreas e regiões do país, ela ainda apresenta uma forte concentração espacial, principalmente na região Sudeste.
As formas desiguais de crescimento entre as regiões brasileiras a partir dos anos 1950 acabaram gerando grandes desigualdades entre áreas do país, o que fez com que grande número de pessoas fosse atraído a migrar em busca de novas possibilidades de inserção no trabalho em centros urbanos industriais.
“Aglomeração Paulistana” foi o termo que, a partir de 1957, as autoridades adotaram para descrever a Metrópole e as relações que se estabeleciam entre seus diferentes municípios. Entretanto, a Metrópole só foi institucionalizada oficialmente em 1967. Alguns acontecimentos foram essenciais no processo de metropolização como: incremento de população através dos movimentos migratórios; crescimento natural de sua população; desenvolvimento de suas atividades econômicas; a ampliação do território metropolitano e, principalmente, a ampliação das relações de trocas entre um grande número de municípios.
A situação de isolamento econômico entre diferentes lugares e regiões começou a mudar com o avanço do processo de industrialização. A organização de um sistema de transportes foi sendo implantado, ligando as principais cidades aos centros econômicos e políticos do país, São Paulo e Rio de Janeiro.
Com a realização de um conjunto de obras favorecendo a circulação de informações, pessoas e mercadorias, as empresas foram diversificando seus ramos de atuação e expandindo suas atividades além da área urbana das metrópoles de São Paulo e do Rio de Janeiro.
O eixo econômico Rio de Janeiro – São Paulo corresponde à área mais urbanizada e com maior concentração de indústrias no Brasil. As relações intensas entre as duas grandes metrópoles, levou a uma grande concentração de atividades econômicas diversificadas e de vias de comunicação e de transportes numa pequena área do território brasileiro, assim como o crescimento de várias cidades ao longo desse eixo. Apesar de as duas metrópoles não estarem fisicamente unidas, suas atividades econômicas e deslocamentos populacionais revelam um alto grau de integração caracterizando a chamada megalópole, ou seja, a união de duas metrópoles.
No Brasil, existem mais de 15 regiões metropolitanas: Salvador, Curitiba, Fortaleza, Manaus são as que mais crescem ao lado de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
As cidades e metrópoles assumem hoje um papel de destaque no conjunto dos diferentes estados do país. Nossa sociedade, cada vez mais, aparece organizada e se relaciona em forma de rede: os pontos de crescimento se dão a partir de diferentes lugares, porém muitos deles estão ainda assentados sobre as principais cidades, uma vez que elas são espaços das trocas, da interação, da produção industrial e dos serviços, do comércio, das artes e da cultura.
Cidades com mais de 1 milhão de moradores foram formadas no Brasil e no mundo num tempo relativamente curto na história da humanidade.
A urbanização é um processo mundial ainda em andamento. No final do século XX, mais da metade da população mundial vivia em centros urbanos.


COMO COMEÇOU O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO E INDUSTRIALIZAÇÃO NO SUL E NO SUDESTE
As significativas mudanças ocorridas na política e no sistema socioeconômico brasileiro, com o aumento do trabalho livre e assalariado a partir do fim do século XIX, levaram a novas formas de ocupação do território. A posição privilegiada do Rio de Janeiro esteve ligada ao fato de ser capital da colônia a partir de 1763, na fase da mineração, e ter sido sede da Coroa portuguesa a partir de 1808, mantendo-se na condição de capital do governo imperial após a independência em relação a Portugal. Com a expansão da economia do café no sul de Minas Gerais, Espírito Santo e em São Paulo, inúmeras ferrovias foram construídas, desenvolvendo um sistema de transportes, que ligava o porto do Rio de Janeiro a essa extensa área de influência. Nessa fase, a cidade do Rio de Janeiro passou por um novo crescimento.
A partir de 1889, com a República, os estados passaram a ter maior autonomia na organização de sua produção econômica, o que contribuiu para que São Paulo competisse com o Rio de Janeiro e organizasse o escoamento da produção cafeeira do interior do Estado para o porto de Santos. Mesmo assim, a cidade de Rio de Janeiro continuou sendo a maior cidade brasileira até 1960, quando foi superada por São Paulo.
A expansão da economia cafeeira e das atividades industriais provocou nas regiões Sul e Sudeste uma urbanização que fortaleceu o mercado interno. No século XX, essas regiões apresentaram um processo de formação e crescimento urbano mais descentralizado, constituindo uma importante rede de cidades.
A incorporação de tecnologias de transportes orientou o crescimento da cidade de São Paulo, estimulado e direcionado pelas ferrovias e pelas linhas dos bondes elétricos. As transformações não se limitavam à área urbana. A expansão cafeeira dinamizou o sistema de comunicação e transportes. O trem, como elemento da modernização, aproximava e articulava lugares, organizava áreas de produção, ligando-as aos mercados de consumo.
O transporte de pessoas e mercadorias, antes da construção das rodovias em nosso país, era feito através da tração animal, principalmente por meio de tropeiros. Os tropeiros integraram as regiões, definiram caminhos, criaram vilas e cidades, estabeleceram vínculos e trocas entre pessoas e lugares. Uma parte da população que se fixou nessas regiões envolveu-se em atividades de defesa das fronteiras do país, já que entre os séculos XVIII e XIX as fronteiras entre o Brasil, o Uruguai e a Argentina ainda não estavam plenamente estabelecidas.
Foi nesse cenário que foi projetada no tempo do Império, a construção da Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande. Entre 1900 e 1904, foi estabelecida a demarcação das atuais fronteiras entre Brasil, Uruguai e Argentina. Nos primeiros anos do governo republicano, a construção dessa ferrovia ganhou impulso e seu funcionamento diminuiu a importância dos tropeiros. O trem e as ferrovias eram vistos como elementos de articulação da produção e da circulação de mercadorias com os capitais financeiros.
Havia também um objetivo estratégico-militar e não apenas econômico de estabelecer uma ligação entre os centros urbanos do país com o extremo sul: assegurar o rápido envio e trânsito de tropas militares em caso de conflitos nas fronteiras sul e oeste da região.
Desde o inicio do século XX, outras ferrovias foram sendo implantadas, estabelecendo comunicações entre o interior e o litoral, interligando as ferrovias aos portos fluviais e marítimos.
Com a instalação e criação da malha ferroviária, o espaço geográfico regional e as formas de ocupação passaram por um conjunto de transformações. Inúmeras colônias de imigrantes foram sendo fixadas caracterizando uma nova fronteira agrícola. Muitas cidades se desenvolveram nas proximidades das estações ferroviárias.

MAS NEM SÓ AS CIDADES SE TRANSFORMARAM COM A INDUSTRIALIZAÇÃO
Nas pequenas e médias cidades e, principalmente, no campo ocorreram transformações e modernizações. As necessidades alimentares criadas por uma urbanização crescente, a possibilidade de ampliar a fronteira agrícola e de mecanizar as produções provocaram um conjunto de transformações no campo.
A produção de alimentos e matérias-primas foi incorporando novas técnicas aos seus processos de produção e beneficiamento. Com a intensificação do processo de modernização do campo associado à industrialização e à urbanização, surgiram novas áreas produtoras. Tais transformações exigem um conjunto de redes de produção, transporte, comercialização e consumo que estão sendo organizados no território para garantir que as produções agropecuárias e industriais estejam integradas, o que significa que vão se criando áreas especializadas em relação à produção agropecuária e extrativa.
O cultivo de café penetrou pelo oeste de São Paulo, acompanhando o trajeto das ferrovias, atingindo o norte do Paraná e proporcionando o surgimento de cidades como Londrina, Maringá e Apucarana que se tornaram importantes centros comerciais, industriais e de serviços. Recentemente, as plantações de café foram sendo substituídas pelo cultivo da soja e do trigo. A utilização de tratores e máquinas provocou a dispensa de muitos trabalhadores.
Nos cinturões agrícolas das regiões Sudeste e Sul, a concentração de modernos sistemas de engenharia, a maior facilidade de acesso à animais selecionados para a produção comercial e insumos, a existência de amplos mercados internos e externos são elementos decisivos na estruturação e ampliação da área de produção na agropecuária modernizada. Essa produção econômica moderna e acelerada acabou gerando grandes êxodos rurais.

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