quarta-feira, 15 de maio de 2013


ESPAÇO PÚBLICO: NATUREZA, CIDADE E CONSUMO
A relação alienada entre sociedade e natureza reforça uma visão de que o espaço urbano se reproduz por si só e não como um produto da construção humana.
É lógico que não existe solução para todos os problemas das grandes cidades.
E a tendência é que cada vez mais a população passe a se concentrar nas cidades e em países de baixo desenvolvimento humano.
As metrópoles globais (São Paulo, Rio de Janeiro, Tóquio, Madri, Paris) são centros de poder, de coordenação e de decisão financeira de grandes corporações.
Nessas cidades predomina intenso consumo de bens e serviços estimulado pelos veículos de comunicação, no entanto existe uma diferenciação do padrão de consumo devido as desigualdades sociais.
Eduardo Meira Alva afirma que: “A expansão dessa cultura, estimulada pelos modernos meios de comunicação social, está transformando as culturas locais e ampliando a brecha entre a cidade real e a cidade legal. Enquanto os segmentos privilegiados da cidade legal consomem os bens e serviços que se identificam com esse modelo, outros setores periféricos da cidade real não tem acesso a tais bens e serviços de forma proporcional ao estímulo que recebem”.
Guardadas as diferenças de urbanização nas escalas local e regional, podemos afirmar que a partir da década de 1970, a população brasileira vem passando por um intenso processo de industrialização e urbanização devido à descentralização industrial e da expansão das fronteiras agropecuárias. Esse processo de urbanização ocorre de forma rápida sem infraestrutura e plano diretor.
O fato das áreas urbanas estarem aumentando rapidamente ocasiona impactos socioambientais muito significativos dentre os quais podemos citar a produção de resíduos úmidos e secos em grandes quantidades sem destino correto.
Uma parte importante das transformações industriais ocorridas depois da Segunda Guerra estão relacionadas ao modelo de produção e consumo dos EUA. “o consumo é verdadeiro ópio, cujos templos modernos são os shopping centers e os supermercados”. (Milton Santos)

COMO LIDAMOS COM OS RESÍDUOS PRODUZIDOS?
Em alguns países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, OCDE, criada para discutir políticas econômicas e sociais dos 29 países mais ricos do mundo, em 1961, a composição percentual mostra uma intensa utilização de papel, plástico e papelão, compondo quase cerca de 50% dos resíduos domésticos.
O desenvolvimento tecnológico da indústria petroquímica estimulou o desenvolvimento de inúmeros materiais plásticos, utilizados para a fabricação de embalagens, produtos descartáveis de difícil decomposição.
O desenvolvimento tecnológico da indústria petroquímica estimulou o desenvolvimento de inúmeros materiais plásticos, utilizados para a fabricação de embalagens, produtos descartáveis de difícil decomposição.
No Brasil já é possível observar uma mudança significativa do padrão de consumo e consequentemente da produção de resíduos.
É fato que ainda encontramos grande quantidade de resíduos úmidos no lixo brasileiro, o que indica a desigualdade econômica e a exclusão social existente no país.
Essa desigualdade ocorre também em escala global:
- Um morador de classe média dos EUA consome 300 kg de papel/ano.
- Um indiano, 4 kg/ano
- Em 20 países na África, menos de 1 kg/ano.
É improvável e insustentável que toda a população se torne uma sociedade de consumo.
Caso isso venha a ocorrer, haverá um grande colapso na Terra, pois precisaríamos de mais 3 Terras para sustentar o nível de consumo.
A quantidade de matéria-prima utilizada para a fabricação de bens duráveis tem aumentado consideravelmente nas últimas décadas.
Em 1960, foram transportados 36 milhões de toneladas de petróleo.
Em 1990, 1,19 bilhão de toneladas, o mesmo aumento ocorreu com o carvão e com o minério de ferro. O resultado tem sido grande impacto ambiental.
Os países ricos não sabem como lidar com tanto lixo e o exportam para países subdesenvolvidos.
No Brasil são muitos os problemas referentes à produção de resíduos. Eles têm promovido grandes discussões com relação ao destino inadequado como queima, depósito próximo a rios, lagoas, etc. e também a contaminação e assoreamento de corpos hídricos, mau cheiro, etc.
Ocorre grande insuficiência na coleta do lixo. Em muitos municípios o lixo é recolhido e depositado a céu aberto sem nenhum tipo de tratamento. São poucos os casos de municípios que destinam seu lixo a um aterro sanitário onde o terreno é impermeabilizado, o chorume, o metano e o dióxido de carbono são tratados.
O problema referente ao aterro sanitário se dá pela dificuldade em encontrar um espaço com características naturais que possibilitem a sua construção como não estar sobre lençol freático, nem próximo a bairros.
No Brasil, dos 5 670 municípios, somente 1 814 coletam 100% do lixo produzido.
20% do lixo é jogado em rios e lagos.
 73% é enterrado.
 3% é transformado em adubo.
4% é reciclado.

VIDAS URBANAS, UM RESGATE DA EMANCIPAÇÃO SOCIAL
O surgimento dos catadores de lixo foi um ganho para sociedade como um todo. Eles recolhem o lixo que pode ser reaproveitado por meio da reciclagem e deixam de fazer parte do grupo de pessoas que não têm como sustentar suas famílias, no entanto, isso não resolve o problema.
- ficamos mais tranquilos em continuar consumindo já que podemos reciclar, mas há um limite para a reciclagem, um dia vai virar lixo;
- a reciclagem precisa de energia para mover as indústrias.
É lógico que com a reciclagem economiza-se muita matéria-prima, mas o mais importante é fazer uso dos 3Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

ESPAÇO PÚBLICO E PRIVADO
Vivemos num mundo cada vez mais individualista que preserva o espaço privado. As pessoas estão perdendo a noção de territorialidade (hábitos, tradições, costumes, identidade, soberania).
Historicamente, surge uma diferenciação básica entre público e privado que nos faz pensar que o privado é mais importante que o público.
Se não há fronteiras para o capital, por que haveria para nossas ações?
Assim, há grande dificuldade em entender o espaço público como bem comum onde todos têm responsabilidades para a sua preservação e manutenção.
Os espaços urbanos são espaços públicos, são construções humanas e, por isso mesmo, é preciso colocar-nos como agentes fundamentais na transformação de práticas e atitudes que possam repensar a conservação do ambiente urbano: pensar primeiro local, para depois pensar global.

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